2016-07-23

Elogio da Loucura (p.143)

Erasmo de Roterdão
Stultitiae Laus (1509-1511)
(trad. Álvaro Ribeiro)


[LXVII]

"(...) Imaginai que Platão teve um sonho parecido quando escreveu que o furor dos amantes é a felicidade perfeita. Com efeito, quem ama evidentemente já não vive em si, mas no que ama! quanto mais se afasta de si, quanto mais emigra para o objecto, tanto mais se alegra. Assim, quando a alma medita em fugir do corpo, e renuncia a servir-se normalmente dos seus órgãos, podeis dizer sem dúvida que isso é uma fúria. Nem outra coisa querem dizer as expressões do vulgo: «Não está em si. Volta a ti. Voltou a si». E quanto mais perfeito é o amor, maior é o furor, e mais feliz."

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