2015-07-31

Moonlight

Mono
música do álbum You Are There (2006)

Nova sugestão musical com a Lua Cheia por pretexto.
Uma música da banda de rock japonesa Mono.

"(...) with the hope that in all dark there is equal parts light."

06: Moonlight

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.287)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"Quem menoscaba meus bens?
             Desdéns.
E redobra meu pesadume?
             Ciúme.
Póe à prova a paciência?
             Ausência.
Assim a minha dolência
Nenhum refrigério alcança,
Pois matam minha esperança
Desdéns, ciúme, ausência.

Quem é a causa da minha dor?
             Amor.
E me torna a vida opaca?
             Macaca.
E quem consente um tal breu?
             O céu.
Deste modo terei o labéu
De morrer dum mal insano,
Pois se conjugam para meu dano
Amor, macaca e o céu.

Onde mitigar a sorte?
             Na morte.
E favor amante quem o alcança?
             Mudança.
E a sua moléstia quem a cura?
             Loucura.
Deste jeito, não é mais altura
Buscar alívio ao sofrimento,
Sendo notório o intento
De morte, mudança, loucura.
"

2015-07-30

Videos oficiais

Kraftwerk

À laia de recapitulação, a proposta para hoje é ver os vídeos "oficiais" dos Kraftwerk.
Aqueles que consegui encontrar, em melhores ou piores condições, e quase sempre com as músicas (en)cortadas, mas que naqueles tempos teria dado tudo para ver na televisão...

Autobahn Special 1975 Video (Autobahn, 1974)
Radioactivity; Antenna (Radio Activity, 1975)
Showroom Dummies; Trans Europa Express (Trans Europa Express, 1977)
The Robots; The Model; Neon Lights; Das Model (The Man-Machine, 1978)
Tour de France (Tour de France, 1983)
Techno Pop; Music Non Stop; The Telephone Call (Electric Café, 1986)

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.269)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"- (...) Ficarás sabendo, Sancho, se o não sabes, que duas coisas instigam a amar mais que quaisquer outras: a grande formosura e a boa fama. Estas qualidades se acham em sublimado grau em Dulcineia. Em beleza, com efeito, está para nascer a que lhe preleve; e, quanto à boa fama, ninguém lhe mordeu na honra. Para concluir, imagino que tudo o que digo é assim, sem que sobeje nem falte coisíssima nenhuma, e pinto-a na minha imaginação, ao sabor do meu bem-querer, tanto no que diz respeito aos dotes físicos como ao lustre do seu nascimento, por forma que não lhe chega Helena, nem a iguala Lucrécia, nem beldade nenhuma das idades pretéritas, grega, latina ou bárbara. E diga cada um o que lhe apetecer. Se por este meu modo de pensar for repreendido pelos ignorantes, não serei ao menos castigado pelos sábios."

2015-07-29

The Princess Bride - Banda Sonora

Mark Knopfler
The Princess Bride (1987)

Ontem foi a vez de Mark Knopfler actuar por cá, no esgotado estádio de Oeiras.
Não fui ver / ouvir, mas a pretexto desse espectáculo, proponho hoje a banda sonora do filme The Princess Bride, composta por este músico.

01: Once Upon a Time...Storybook Love; 02: I Will Never Love Again; 03: Florin Dance; 04: Morning Ride; 05: The Friends' Song; 06: The Cliffs of Insanity; 07: The Swordfight; 08: Guide My Sword; 09: The Fireswamp and the Rodents of Unusual Size; 10: Revenge; 11: A Happy Ending; 12: Storybook Love (Willy DeVille)

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.252)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"- (...) Sucedeu o que é vulgar nas paixões dos mancebos. O amor não é mais que fogo dos sentidos e, satisfeitos eles, a labareda amaina e extingue-se. (...)"

2015-07-28

Cinema

Rodrigo Leão
Cinema (2004)

E de novo Rodrigo Leão...
Um álbum que contou com a participação e a colaboração de outros artistas; também na composição das músicas, na pessoa de Ryuichi Sakamoto ao piano, que colaborou na segunda e compôs a última.
E o resultado é muito bom... é melhor ouvir:

01: Cinema; 02: Rosa (cantada por Rosa Passos); 03: Lonely Carousel (cantada por Beth Gibbons); 04: A Comédia de Deus; 05: Jeux D'amour (cantada por Helena Noguerra); 06: Memórias; 07: A Cidade Queimada (cantada por Sónia Tavares); 08: Deep Blue; 09: Uma História Simples; 10: Happiness (cantada por Sónia Tavares); 11: O Último Adeus; 12: La Fête (cantada por Helena Noguerra); 13: A Estrada; 14: L'Inspecteur (cantada por Sónia Tavares); 15: António

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.242)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"- (...) Basta ter a suspeita de quem seja o dono, para mais viva como agora, para sermos obrigados a procurá-lo e a fazer a restituição. Se não procedêssemos assim, então a suspeita trazia-nos tantos encargos de consciência como se fosse uma firme certeza. (...)"

2015-07-27

Wow

Kate Bush
single do álbum Lionheart (1978)

Um single de Kate Bush retirado do seu segundo álbum é a proposta para hoje.
A sugestão inclui os três videos oficiais bem como as músicas que sairam nos lados B de duas das edições do single.

03 / A: Wow (Vídeo oficial - versão 1); 01 / B: Fullhouse
03 / A: Wow (Vídeo oficial - versão 2); 01 / B: Symphony In Blue
03 / A: Wow (Vídeo oficial - versão 3)

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.198)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"- (...) assim que se sentiu deitada ao desprezo, começou a vê-lo com outros olhos e dar-lhe um lugar nos seus pensamentos como nunca dera.
- É essa a condição natural das mulheres - disse D. Quixote - desdenhar quem lhes quer bem e querer bem a quem as desdenha. Adiante..."

2015-07-26

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.182)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"- (...) um homem não é mais que outro se não faz mais que outro. Todas estas trabuzanas que nos acontecem são sinais de que prestes há-de serenar o tempo e as coisas hão-de correr ao nosso paladar. Não há bem que não acabe, nem mal que dure toda a vida. Bastante tem durado a adversidade; é tempo que chegue a ventura. Anima-te, e não tens que te amofinar com as desgraças que me sucedem, uma vez que te não tocam pela porta.
- Não me tocam pela porta!? - exclamou Sancho de salto. - Então quem mantearam ontem não foi o filho de meu pai? E a quem roubaram os alforges, senão ao mesmo grande filho da mãe!?"

2015-07-25

Elogio vs. Piropo

elogio

e.lo.gi.o - [iluˈʒiu]
nome masculino
1. acto ou efeito de elogiar; expressão de opinião favorável ou admiração por algo ou alguém
2. panegírico; encómio
3. louvor
4. aplauso

piropo

pi.ro.po - [piˈropu]
nome masculino
palavra ou frase lisonjeira que se dirige a uma pessoa revelando que se acha essa pessoa fisicamente atraente; galanteio

elogio in Dicionário da Língua Portuguesa sem Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-07-25 08:45:00]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/elogio
piropo in Dicionário da Língua Portuguesa sem Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-07-25 08:45:00]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/piropo

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.150)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"- Olha, Sancho, não há dor que resista à morte, nem lembrança que o tempo não desvaneça!
- Que maior desdita pode haver para um homem - replicou Sancho - de que esperar que venha a morte para o curar das suas dores ou que rode tanto tempo que se lhe varram da memória?! Se o nosso desaguisado fosse coisa que passasse com um par de cataplasmas, bem ia; mas estou em supor que nem todas as mezinhas de um hospital hão-de ser suficientes para dar connosco rijos."

2015-07-24

Meddle

Pink Floyd
Meddle (1971)

Regresso aos Pink Floyd, com um álbum mais experimental, de procura de novos sons e expressões, em esforço conjunto de todos os membros do grupo, que culmina com a música que ocupa a totalidade do labo B (falando de LP em vynil...), Echoes.
A proposta para hoje é, assim, o sexto álbum de estúdio do grupo.

01: One Of These Days; 02: A Pillow Of Winds; 03: Fearless; 04: San Tropez; 05: Seamus; 06: Echoes

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.139-140)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) a formosura na mulher honesta é como o lume entre grelhas ou a espada nua, não queimando aquele nem ferindo esta a quem lhes não toca. A honra e a virtude são ornamentos da alma, sem os quais o corpo não é verdadeiramente formoso embora o pareça exteriormente. Ora se a honestidade é uma das prendas que mais aformoseiam e adornam corpo e alma, porque a há-de perder a mulher que é amada pelos seus encantos, com objecto de corresponder aos anelos daquele que, para seu gozo apenas, procura por todas as formas e processos privá-la dessa virtude? Nasci livre e para poder desfrutar uma vida livre, escolhi a solidão dos campos. São a minha companhia as árvores destes montes; meus espelhos as águas claras dos ribeiros; e às árvores e aos ribeiros que faço confidentes dos meus segredos e das minhas veleidades de bonita. Sou fogo entre grelhas e espada fora de alcance. Aos que cativei com os olhos, desenganei com palavras. Se os desejos se alimentam com esperanças, não havendo dado nenhuma a Crisóstomo, de resto como a qualquer outro, bem se pode dizer que antes o matou a sua porfía que a minha frieza. Se se me objecta que eram bem-intencionados os seus pensamentos e que por isso estava na obrigação de corresponder-lhes, responderei que neste mesmo lugar, onde agora lhe fazem a cova, quando me tornou patente a lisura dos seus desígnios, rasgadamente lhe declarei que os meus não eram outros senão viver em perpétua solidão e que só a terra se gozaria dos despojos da minha formosura. Se, em despeito de semelhante aviso, ele se obstinou em navegar contra o vento, que admira que naufragasse em pleno pego do seu desatino? Se eu o andasse a entreter, seria falsa; se lhe desse satisfação, trairia as próprias bases do meu carácter. Porfiou, embora desenganado; desesperou sem que fosse aborrecido. Digam-se agora se me cabe alguma responsabilidade na sua desfortuna... Queixe-se o homem que de algum modo logrei; desespere-se, se lhe saíram fementidas as esperanças que por mim lhe fossem dadas; quem eu chamar, diga-o em voz alta; quem eu admitir, glorie-se. mas não me acuse de cruel nem de homicida aquele a quem não prometo nada, não iludo, não convido, nem admito. (...)"

2015-07-23

1000 Airplanes On The Roof

Philip Glass
1000 Airplanes On The Roof (1989)

Esta é a milésima publicação neste blogue!
Por isso lembrei-me de sugerir este álbum de Philip Glass, que conta tantos aeroplanos no telhado quantas entradas neste blogue... ;-)
Mas das treze músicas que compõem o disco, só consegui encontrar nove...
Ainda assim, aqui fica a sugestão.

01: 1000 Airplanes On The Roof; 02: City Walk; 03: Girlfriend; 04: My Building Disappeared; 05: Screens Of Memory; 06: What Time Is Grey; 07: Labyrinth; 08: Return To The Hive; 09: Three Truths; 10: The Encounter; 11: Grey Cloud Over New York; 12: Where Have You Been Asked The Doctor; 13: A Normal Man Running

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.138-139)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) Fez-me o Céu, ao que vós dizeis, formosa, de sorte que não está em vosso poder resistir aos meus encantos. Pretendeis ainda que, em paga do amor que me mostrais, eu esteja obrigada a corresponder-vos com amor igual. Dou conta, com o pouco entendimento que Deus me deu, que tudo o que é belo é amável. O que não compreendo é que, pelo facto de ser amado, o que de facto é amado em virtude da sua beleza seja obrigado a amar quem o ama. Tanto mais que pode muito bem acontecer que seja disforme o enamorado em tais condições. Ora, sendo disforme motivo de enjoo, não fazia sentido dizer: gosto de ti porque és bonita, tu tens de corresponder-me inda que eu seja horrendo. Admitindo que se trate de pessoas dotadas de dotes físicos iguais, tão-pouco é razão para que os sentimentos se correspondam, visto que nem todas as formosuras cativam, havendo algumas que deleitam os olhos sem tocarem o coração. E bem é que assim seja. Se todas as formosuras despertassem paixões e escravizassem, que confusão e desgarramento dos corações não iria pelo mundo, sem saber em quem fixar-se, pois que, sendo as belezas em número infinito, os desejos que inspiram seriam também infinitos. E não ouço dizer que o amor verdadeiro é indivisível, tem por sua natureza que ser voluntário e de modo algum forçado?! Se assim é, como tudo leva a crer, porque queríeis vós que o meu coração se rendesse à viva força e somente porque me declarastes que me quereis bem? Senão dizei-me: assim como o Céu me fez bonita, se me fizesse feia, seria justo que me queixasse de vós porque vos não apaixonáveis por mim? (...)"

2015-07-22

Quichotte

Tangerine Dream
Quichotte (1981)

A propósito da leitura que estou a fazer actualmente, lembrei-me deste álbum dos Tangerine Dream.
Álbum gravado ao vivo no Palast Der Republik em Berlim, na antiga República Democrática Alemã, onde foi pela primeira vez editado, sem título aparente, sendo conhecido pelo título dado à(s) música(s).
Foi (re)editado em 1986 sob o título Pergamon, e como tal passou a figurar na discografia do grupo.

01: Quichotte (Part I); 02: Quichotte (Part II)

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.131)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"- Este corpo, senhores, que estais a olhar com olhos enternecidos, foi depositário duma alma em que o céu tinha entesoirado infinita cópia das suas riquezas. E o invólucro terreno de Crisóstomo, singular no engenho, sem par na cortesia, extremo na gentileza, fénix na amizade, magnífico sem interesse, grave sem presunção, alegre sem baixeza, e finalmente primeiro em tudo o que é ser bom e sem segundo em tudo o que foi ser desditoso. Amou, foi aborrecido; adorou, foi desdenhado. Suplicou a uma fera; quis embrandecer um mármore; correu atrás do vento; deitou vozes ao deserto; serviu uma ingrata, e o pago que teve foi ser presa da morte a meio da carreira da vida. Mal empregado talento em querer imortalizar a pastora, que veio abreviar-lhe a existência, como demonstram sobremaneira esses papéis que estais vendo e ele me recomendou reduzir a cinzas assim que o seu corpo baixasse à sepultura!
- Permiti que vos observe, senhor - atalhou Vivaldo - que, se o fizésseis, maior fereza e desapego que o do seu autor seria o vosso para com ele. Não me parece justo nem acertado que se cumpram à risca disposições ditadas em hora de tresvario. Mal-avisado andaria Augusto César se deixasse cumprir as últimas vontades do divino Mantuano. Se não tendes outro remédio senão dar o corpo à terra, não queirais dar também os seus escritos ao esquecimento. Se assim o deixou preceituado, na qualidade de ressentido, não é bem que vos arvoreis em seu cego instrumento (...) Todos quantos aqui se juntaram conhecem a história dos amores e desespero do vosso amigo. Estamos também ao facto da amizade que lhe consagrastes desde sempre, bem como da causa da sua morte e dos seus desígnios finais. De todo este lamentável sucesso bem fácil é deduzir quão grande foi a crueldade de Marcela, o amor de Crisóstomo, a fé da vossa amizade e o fim desastrado que espera a todos aqueles que se lançam à rédea solta pela vereda que o amor cego lhes traça diante dos olhos. (...)"

2015-07-21

Mundo ao Contrário

Xutos & Pontapés
música do álbum Mundo ao Contrário (2004)

E já que a música dos Xutos veio a lume, embora este mundo ao contrário tenha outro contexto, aqui fica a sugestão...

"Onde Vais?"
Perguntas tu,
Ainda meio a dormir.
"Não sei bem"
Respondo eu,
Sem saber o que vestir.

"Porque sais?,
Ainda é cedo,
E tu não sabes mentir."
"Nem eu sei,
Só sei que fica tarde
E eu tenho de ir."

Bem depois,
De estar na rua,
Instalou-se uma dor
Por nós dois,
Talvez sair
Tivesse sido o melhor...

Se assim foi,
Porque me sinto eu a morrer de amor?

Tenho a noite
A atravessar
Doi-me não ir,
Mas não me deixas voltar...

Se gosto de ti,
Se gostas de mim,
Se isto não chega
Tens o Mundo ao contrário.

O Mundo ao contrário

Tenho a noite
A atravessar
Doi-me não ir,
Mas não me deixas voltar...

Se gosto de ti,
Se gostas de mim,
Se isto não chega
Tens o Mundo ao contrário.

09: Mundo ao Contrário

Bartoon 2015.07.21

Luís Afonso
Bartoon (2015)

Não resisti a partilhar esta... o mundo ao contrário, como diz a música dos Xutos.
Fiquem com Luís Afonso na sua sempre oportuna tira diária Bartoon, no jornal Público.

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.120)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) muito bom e sério devia ser o eclesiástico para escapar incólume ao dente da maledicência dos lugares pequenos, onde se põe à mostra a roupa suja de toda a gente."

2015-07-20

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.109)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) Hás-de comer do meu prato e beber donde eu beba, na companhia desta boa gente, de modo que te sintas uma só e única pessoa comigo, que sou teu amo e natural sire. Da Cavalaria andante pode dizer-se o mesmo que se diz do amor: a todas as condições iguala."

Blood

This Mortal Coil
Blood (1990)

Este álbum já esteve na calha para sugestão musical, mas na altura resolvi fazer o destaque para uma das músicas por ser uma versão de um original composto por Syd Barrett.
Hoje, proponho então o álbum completo...

01: The Lacemaker; 02: Mr. Somewhere; 03: Andialu; 04: With Tomorrow; 05: Loose Joints; 06: You And Your Sister; 07: Nature's Way; 08: I Come And Stand At Every Door; 09: Bitter; 10: Baby Ray Baby; 11: Several Times; 12: The Lacemaker II; 13: Late Night; 14: Ruddy And Wretched; 15: Help Me Lift You Up; 16: Carolyn's Song; 17: D.D. And E.; 18: 'Til I Gain Control Again; 19: Dreams Are Like Water; 20: I Am The Cosmos; 21: (Nothing But) Blood

2015-07-19

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.99)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) Com efeito, quando devia e tinha por obrigação dilatar-se em louvores a tão estrénuo cavaleiro parece que de propósito deliberado passa adiante, boca calada. Por nossa parte, não podemos dissimular a reprovação que nos merece tal processo, pois que é dever dos historiadores serem pontuais, verdadeiros, e isentos de paixão, sem que interesses, temor, ódio ou afeição façam torcer caminho para fora da recta verdade, cuja mãe é a história, émula do tempo, depósito das acções, testemunha do pretérito, exemplo e aviso do presente, ensino do porvir. (...)"

2015-07-18

Coragem vs. Audácia

coragem

co.ra.gem - [kuˈraʒɐ̃j̃]
nome feminino
1. bravura face a um perigo; intrepidez; ousadia
2. força moral ante um sofrimento ou revés
3. figurado energia na execução de uma tarefa difícil; perseverança

coragem!
exclamação usada para incitar ou dar ânimo

audácia

au.dá.ci.a - [awˈdasjɐ]
nome feminino
1. impulso que leva a praticar actos difíceis, extraordinários ou perigosos; arrojo; temeridade; intrepidez
2. insolência; atrevimento

coragem in Dicionário da Língua Portuguesa sem Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-07-18 08:45:00]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/coragem
audácia in Dicionário da Língua Portuguesa sem Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-07-18 08:45:00]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/audácia

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.76)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) Não seria para estranhar que, sarado meu tio das manias de cavaleiro andante, lhe apetecesse, lendo estes, fazer-se pastor e ir-se por esses bosques e prados cantando e tocando na gaita e, o que seria pior ainda, dar em poeta, o que segundo dizem é moléstia incurável e contagiosa..."

2015-07-17

Fragile

Sting
música do álbum ...Nothing Like the Sun (1988)

A noite de ontem ficou marcada também pelo espectáculo de Sting no Parque das Nações, em Lisboa, em mais um Super Bock Super Rock.
Não fui, nem esteve nos meus planos ir assistir, mas não quero deixar passar a ocasião para aqui sugerir uma música dele.
Uma música que nos lembra da fragilidade de todos e cada um de nós...

If blood will flow when flesh and steel are one
Drying in the colour of the evening sun
Tomorrow's rain will wash the stains away
But something in our minds will always stay

Perhaps this final act was meant
To clinch a lifetime's argument
That nothing comes from violence
And nothing ever could
For all those born beneath an angry star
Lest we forget how fragile we are

On and on the rain will fall
Like tears from a star
Like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are
How fragile we are

On and on the rain will fall
Like tears from a star
Like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are
How fragile we are
How fragile we are
How fragile we are

06: Fragile

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.74)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) perdoe-se àquele senhor capitão que no-lo trouxe para Espanha e naturalizou castelhano, que mais valera não o ter feito ao que lhe roubou de sabor primitivo. E certo que o mesmo sucederá inevitavelmente a todos aqueles que assumam o encargo de traduzir livros de versos para outro idioma. Por mais esmero e talento que empreguem não lograrão nunca conservar-lhes o perfume original. (...)"

2015-07-16

Pica Do 7

António Zambujo
música do álbum Rua da Emenda (2014)

Será hoje à noite, aqui perto, que António Zambujo vem cumprir um espectáculo há algum tempo adiado devido ao mau tempo.
Por quem não o pôde ver nessa altura e não o pode ir ver hoje, aqui fica uma amostra, por sugestão...

03 Pica Do 7

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.36)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) o nosso fidalgo embebeu-se tanto de leitura, que levava as noites a ler, desde lusco-fusco a lusco-fusco, e igualmente os dias, desde sol a sol. E assim, de pouco dormir e muito ler, aconteceu ressecarem-se-lhe os miolos e toldar-se-lhe de todo o juízo."

2015-07-15

Suite para Violoncelo N.º 5 em Dó menor BWV 1011

Johann Sebastian Bach
interpretado por Mstislav Rostropovich
Suite para Violoncelo N.º 5 em Dó menor BWV 1011 (1717-23)

Ficou incompleta a sugestão de audição das seis suites para violoncelo compostas por Johann Sebastian Bach, das quais aqui passei a primeira, aqui a segunda, a terceira aqui e aqui a quarta.
Retomo a sequência com a sugestão da quinta...

01: Prelude; 02: Allemande; 03: Courante; 04: Sarabande; 05: Gavottes; 06: Gigue

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.34)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) ocupava-se em ler livros de cavalaria com tanto afinco e regalo que descurou quase totalmente o exercício da caça e o governo da fazenda. E chegou a tal ponto a sua curiosa mania, que teve de alienar algumas belgas de bom sementio para comprar alfarrábios do seu gosto. Deste modo atulhou a casa com livros e mais livros."

2015-07-14

Trois Couleurs: Bleu - Banda Sonora


Zbigniew Preisner
Trois Couleurs: Bleu (Bande Originale du Film) (1993)

aqui falei, de passagem, desta banda sonora do compositor Zbigniew Preisner.
Hoje, dia da tomada da Bastilha, resolvi que era um bom dia para a dar a ouvir...

01: Song For The Unification Of Europe (Patrice's Version); 02: Van Den Budenmayer - Funeral Music (Winds); 03: Julie - Glimpses Of Burial; 04: Reprise - First Appearance; 05: The Battle Of Carnival And Lent; 06: Reprise - Julie With Olivier; 07: Ellipsis 1; 08: First Flute; 09: Julie - In Her Own Apartment; 10: Reprise - Julie On The Stairs; 11: Second Flute; 12: Ellipsis 2; 13: Van Den Budenmayer - Funeral Music (Organ); 14: Van Den Budenmayer - Funeral Music (Full Orchestra); 15: The Battle Of Carnival And Lent II; 16: Reprise - Flute (Closing Credits Version); 17: Ellipsis 3; 18: Olivier's Theme - Piano; 19: Olivier And Julie - Trial Composition; 20: Olivier's Theme - Finale; 21: Bolero - Trailer For "Red" Film; 22: Song For The Unification Of Europe (Julie's Version) (Film); 23: Closing Credits; 24: Reprise - Organ; 25: Bolero - "Red" Film

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.22)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) De que modo julgais então que possa preencher esse vazio, que tanto medo me mete, e que se dissipe o caos das minhas teias de aranha?..."

2015-07-13

Luminitza

Balanescu Quartet
Luminitza (1994)

Para começar a semana, o regresso de um quarteto de cordas que já aqui passei (onde tocavam interpretações de músicas dos Kraftwerk entre outras), desta vez com um álbum de originais seus.
Composições que levam mais longe a sua sonoridade, enérgica e interventiva...

01: East; 02: Chain; 03: Democracy; 04: Still With Me; 05: Link; 06: Revolution; 07: Link Again; 08: Luminitza; 09: Mother

D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.19)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1605)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) Podes crer, mesmo sem juras, que o meu ardente desejo era que este livro, produto do entendimento, fosse o mais formoso, mais galhardo e mais discreto que imaginar-se pode. Não estava porém na minha mão infringir a ordem da natureza, segundo a qual uma coisa não gera outra senão que lhe seja semelhante. Que podia, portanto, conceber o meu estéril e mal-aparelhado engenho que não fosse a história de um génio seco, encornilhado, ougadiço, e imbuído de ideias fantásticas, jamais sonhadas, enfim tal como podia ser forjado numa cadeia onde toda a incomodidade tem assento e todo o rumor sinistro faz habitação? O lugar aprazível, o sossego rural, os céus serenos, o murmúrio das fontes e a quietude de alma contribuem por muito para que as musas mais áridas se mostrem fecundas e dêem à luz obra que encha de maravilha e jucundidade."

2015-07-12

Obra Poética (p.212-213)

António Gedeão
Obra Poética [Novos Poemas Póstumos] (1990-2001)

"Poema do homem novo

Niels Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.

Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até aos pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.
A cobrir tudo, enfim, como um balão ao vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.

Numa cama de rede, pendurada
da parede do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.

Cá de longe, na Terra, num borborinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falavam,
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.

Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.

Caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.

Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.

Mais um passo.
Mais outro.

Num sobre-humano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira
[da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho."

2015-07-11

Ingenuidade vs. Inocência

ingenuidade

in.ge.nu.i.da.de - [ĩʒənwiˈdad(ə)]
nome feminino
1. qualidade de ingénuo
2. simplicidade; candura extrema
3. credulidade excessiva
4. parvoíce

inocência

i.no.cên.ci.a - [inuˈsẽsjɐ]
nome feminino
1. qualidade ou estado de inocente
2. qualidade de pessoa que ignora o mal; pureza; candura; ingenuidade
3. ausência de culpa
4. virgindade

estado de inocência RELIGIÃO
estado do homem antes do pecado original, estado da criança antes do pecado pessoal

ingenuidade in Dicionário da Língua Portuguesa sem Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-07-11 08:45:00]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/ingenuidade
inocência in Dicionário da Língua Portuguesa sem Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-07-11 08:45:00]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/inocência

Obra Poética (p.211)

António Gedeão
Obra Poética [Novos Poemas Póstumos] (1990-2001)

"Poema do livre arbítrio

Há uma fatalidade intrínseca, insofismável
inerente a todas as coisas e nelas incrustrada.
Uma fatalidade que não se pode ludibriar,
nem peitar, nem desvirtuar,
nem entreter, nem comover,
nem iludir, nem impedir,
uma fatalidade fatalmente fatal,
uma fatalidade que só poderia deixar de o ser
para ser fatalidade de outra maneira qualquer,
igualmente fatal.

Eu sei que posso escolher entre o bem e o mal.
Eu sei que posso fatalmente escolher entre o bem e o mal.

E já sei que escolho o bem entre o mal e o bem.
Já sei que escolho fatalmente o bem.
Porque escolher o bem é escolher fatalmente o bem,
como escolher o mal é escolher fatalmente o mal.
O meu livre arbítrio
conduz-me fatalmente a uma escolha fatal."

2015-07-10

Animals

Muse
música do álbum The 2nd Law (2012)

A propósito da actuação dos Muse ontem, em Algés, embora a sua música não esteja nas minhas preferências - pouco conheço - lembrei-me desta notícia no Público, que lembra que arriscar mesmo quando o objectivo parece inalcançável, pode reservar a agradável surpresa de se receber mais do que se esperava.
Aqui fica o videoclip realizado por Inês Freitas e Miguel Mendes, estudantes do curso de Animação e Design Multimédia do Instituto Politécnico de Portalegre, que venceu o concurso em 2013.

07: Animals

Obra Poética (p.206)

António Gedeão
Obra Poética [Novos Poemas Póstumos] (1990-2001)

"Poema de ser ou não ser

São ondas ou corpúsculos?
Sim ou não?
São uma ou outra coisa, ou serão ambas?
São "ou" ou serão "e"?
Ou tudo se passa como se?

Percorrem velozmente órbitas certas
as quais existem só quando as percorrem.
Velozmente. Será?
Ou talvez não se movam, o que depende
do estado em que se encontre quem
observa.

Assim prosseguem rotineira marcha
na paz podre do tempo.
Oh! O tempo!
Até que, de repente,
por exigências igualmente certas,
num sobressalto histérico,
saltam da certa órbita
e vão fazer o mesmo noutra certa
tão certa como a outra.
E assim prosseguem
na paz podre do tempo.

Eis senão quando,
como pedra num charco ou estrela que deflagra,
irrompem no vazio,
e o vazio perturbado afunda-se e alteia-se
e em esferas sucessivas, pressurosas,
vão alagando o espaço
primeiro o espaço próximo,
depois o mais distante,
e seguem sempre, sempre, avante, sempre avante,
em quantas direções se lhe apresentam.

Sim, ou não?

Estou à janela
e vejo muito ao longe a linha do horizonte.

Ser ou não ser?
Eis a questão."

2015-07-09

The Man-Machine

Kraftwerk
The Man-Machine (1978)

Já estavam ausentes há algum tempo (demasiado?).
Ainda faltava passar este álbum aqui, The Man-Machine, dos Kraftwerk!
Com captura de som (supostamente) a partir do LP vinyl da reedição japonesa de 1983... (qual será a diferença?)

- Pai, põe os Machine! - como dizia a minha mais nova.
- Vamos a isto, então!

01: The Robots; 02: Spacelab; 03: Metropolis; 04: The Model; 05: Neon Lights; 06: The Man-Machine