2014-09-30

Memorial

Michael Nyman
Memorial (1985)

Uma das músicas de Michael Nyman de que mais gosto.
Onde um músico do séc XX-XXI vai buscar inspiração ao séc XVII.
Duas músicas deste compositor, e a ópera de Henry Purcell onde foi buscar inspiração, são a proposta para hoje.

Michael Nyman, Chasing Sheep Is Best Left To Shepherds;
Michael Nyman, Memorial (The Cook,The Thief,His Wife and Her Lover);
Henry Purcell, King Arthur (excertos, incluindo The Cold Song), Deller Consort;
Henry Purcell, King Arthur (ópera completa)



Editado em 2018.04.05: substituído o vídeo (2) yYmKocMp0Gs pelo rg-knMxD3Q4
substituído o vídeo (1) XUMw5WZWYLo pelo wHiJkLmclkA
Editado em 2020.10.18: substituído o vídeo (4) 6fhs6C_UJy4 pelo z0R_E544Q-k

Prosa Completa (p.33)

Woody Allen
Without Feathers (1972)
(trad. Salvato Teles de Meneses)


"Senhor, ó Senhor! Que tens Tu andado a fazer nos últimos tempos?"

2014-09-29

Prosa Completa (p.12)

Woody Allen
Without Feathers (1972)
(trad. Salvato Teles de Meneses)


"Pensamento: porque mata o homem? Mata por comida. E não só por comida: frequentemente por uma bebida também."

Tales from Topographic Oceans

Yes
Tales from Topographic Oceans (1973)

Outra sugestão do meu irmão mais velho, em resposta a pedido meu: o sexto álbum de estúdio da banda de rock progressivo Yes.
Uma das coisas que sempre me despertou a atenção dos álbuns dos Yes foram os desenhos das capas da autoria de Roger Dean.
Mas não estamos aqui tanto para ver as capas como estamos para ouvir, com tempo...

01: The Revealing Science of God (Dance of the Dawn); 02: The Remembering (High the Memory); 03: The Ancient (Giants under the Sun); 04: Ritual (Nous Sommes du soleil)

2014-09-28

Octavarium


Dream Theater
música do álbum Octavarium (2005)

Esta é para o meu mano mais novo.
A música que o iniciou nos sons dos Dream Theater, que se tornou um dos seus grupos preferidos.
Aqui fica a original do álbum homónimo e uma versão por orquestra sinfónica.

08: Octavarium: I. Someone Like Him; II. Medicate (Awakening); III. Full Circle; IV. Intervals; V. Razor's Edge
Octavarium (versão sinfónica)

A Montanha Mágica (p.732)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) Quem não é capaz de arriscar a vida, o braço, o sangue, na defesa de uma ideia não é digno dela, e trata-se de ser homem, por mais espiritualista que se seja."

2014-09-27

A Montanha Mágica (p.699)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) Quando enfraquece a coragem ética de optar e de fazer uma distinção entre conceitos como a impostura e a realidade, acaba-se a vida em geral, o juízo, os valores e a acção que vitaliza, e começa a obra atroz do processo de decomposição do cepticismo moral. O homem é a medida das coisas - disse ainda. - Tem o direito imprescindível de pronunciar-se sobre o bem e o mal, sobre a verdade e a mentira. (...)"

2014-09-26

The Lamb Lies Down on Broadway

Genesis
The Lamb Lies Down on Broadway (1974)

Esta é por sugestão do meu mano mais velho, a meu pedido.
Não que esteja sem ideias, mas porque é sempre bom contar com o contributo daqueles de quem mais gostamos.

01: The Lamb Lies Down on Broadway; 02: Fly on a Windshield; 03: Broadway Melody of 1974; 04: Cuckoo Cocoon; 05: In the Cage; 06: The Grand Parade of Lifeless Packaging; 07: Back in N.Y.C.; 08: Hairless Heart; 09: Counting Out Time; 10: Carpet Crawlers; 11: The Chamber of 32 Doors; 12: Lilywhite Lilith; 13: The Waiting Room; 14: Anyway; 15: Here Comes the Supernatural Anaesthetist; 16: The Lamia; 17: Silent Sorrow in Empty Boats; 18: The Colony of Slippermen: Arrival / A Visit to the Doktor / Raven; 19: Ravine; 20: The Light Dies Down on Broadway; 21: Riding the Scree; 22: In the Rapids; 23: It

A Montanha Mágica (p.682)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) um assunto espiritual, isto é, um assunto significativo torna-se «significativo» precisamente porque é expressão e expoente de uma esfera espiritual mais vasta, de um mundo inteiro de sentimentos e pensamentos que encontrou nele um símbolo mais ou menos perfeito - o que dá então a medida da sua importância. Além disso é «significativo» em si o amor que se sente por tal assunto. Esse amor informa-nos sobre a pessoa de quem ama, caracteriza as relações que ela mantém com aquela esfera mais vasta, o referido mundo que o assunto representa, e que é, consciente ou inconscientemente, amado através desse assunto."

2014-09-25

Floating into the Night

Julee Cruise, Angelo Badalamenti e David Lynch
Floating into the Night (1989)

Novamente os sons insinuantes de Angelo Badalamenti, com letras de David Lynch e a voz etérea de Julee Cruise.
Músicas que passaram pela série Twin Peaks e também pelo filme Blue Velvet.

01: Floating; 02: Falling; 03: I Remember; 04: Rockin' Back Inside My Heart; 05: Mysteries of Love; 06: Into the Night; 07: I Float Alone; 08: The Nightingale; 09: The Swan; 10: The World Spins; Bonus: 11: Falling (Demo Version); 12: Blue Velvet (Live)

A Montanha Mágica (p.676)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) o que sentia, compreendia e gozava, antes de mais nada, enquanto, com as mãos postas, olhava a portinhola negra de cujas fasquias partia toda essa beleza, era a idealidade triunfante da música, da arte, do coração humano, a sublime e irrefutável sublimação que imprimiam à fealdade vulgar das coisas reais. (...)"

2014-09-24

Ummagumma

Pink Floyd
Ummagumma (1969)

Das músicas que ouvi ontem, escolhi esta para partilhar aqui hoje.
Simultâneamente o primeiro álbum ao vivo dos Pink Floyd, e o seu quarto trabalho de estúdio.

CD1 [Live Album]: 01: Astronomy Domine; 02: Careful With That Axe, Eugene; 03: Set The Controls For The Heart Of The Sun; 04: A Saucerful Of Secrets;
CD2 [Studio Album]: 01: Sysyphus (Parts 1-4); 02: Grantchester Meadows; 03: Several Species Of Small Furry Animals Gathered Together In A Cave And Grooving With A Pict; 04: The Narrow Way (Parts 1-3); 05: The Grand Vizier's Garden Party (Part 1: Entrance; Part 2: Entertainment; Part 3: Exit)

A Montanha Mágica (p.619)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) A vaidade não possui grande envergadura, e a grandeza não é vaidosa. (...)"

2014-09-23

A Montanha Mágica (p.592)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) A vida, meu caro jovem, é uma mulher deitada, com os seios exuberantes e apertados, o ventre amplo e macio entre as ancas salientes, braços delgados, coxas redondas e olhos semicerrados, que, na sua provocação magnífica e zombeteira exige o nosso mais alto fervor, toda a tensão do nosso prazer de macho, que se deve confirmar ou perecer perante ela - perecer, jovem, percebe o que isso significa? A derrota do sentimento em face da vida, é a insuficiência para a qual não há nem perdão, nem compaixão, nem dignidade, mas que é inexorável e sardonicamente amaldiçoada, liquidada, jovem, e vomitada... Ignomínia e desonra são palavras brandas para essa ruína e bancarrota, para esse pavoroso ridículo. É o fim, o desespero infernal, o crepúsculo do Mundo..."

Équinoxe


Jean Michel Jarre
Équinoxe (1978)

Esta vem a propósito do equinócio, quando ouvir esta música é quase já uma tradição familiar...

Sobre a ocasião, transcrevo o que li aqui:
Em 2014 o Equinócio de Outono ocorre no dia 23 de Setembro às 03h29m. Este instante marca o início do Outono no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se por 89,815 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Dezembro às 23h03m.
Equinócio: instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, passa no equador celeste. A palavra de origem latina aequinoctium agrega o nominativo aequus (igual) com o substantivo noctium, genitivo plural de nox (noite). Assim significa “noite igual” (ao dia), pois nestas datas dia e noite têm igual duração, tal é a ideia que permeia a sociedade.
Sobre a duração igual das noites no equinócio, na realidade, não é bem assim… Os equinócios estão definidos como o instante em que o ponto central do sol passa no equador e, por isso, o centro solar nasce no ponto cardeal Este e põe-se exactamente a Oeste, encontrando-se durante 12 horas acima do horizonte matemático em qualquer lugar da Terra nestes dias.
Contudo este facto não resulta numa duração do dia solar de 12 horas, pois a luz directa no chão surge quando o bordo superior do sol nasce, tal como desaparece no ocaso, e o sol tem um diâmetro aparente de 32′ (minutos de arco). Além disso há refracção atmosférica: quando o bordo superior está no horizonte o centro do sol encontra-se ≈50′ abaixo do horizonte, mais do que o seu diâmetro.
Com estas condições físicas e devido ao movimento da translação terrestre, apenas no dia 26 de Setembro de 2014 haverá 12,00 horas com luz solar directa no solo. Nesse dia o disco solar nasce às 7h 28m e põe-se às 19h 28m em Lisboa, com apenas 10 segundos de desvio às 12h certas.

01: Équinoxe Part 1; 02: Équinoxe Part 2; 03: Équinoxe Part 3; 04: Équinoxe Part 4; 05: Équinoxe Part 5; 06: Équinoxe Part 6; 07: Équinoxe Part 7; 08: Équinoxe Part 8


2014-09-22

Show Me the Place


Leonard Cohen
música do álbum Old Ideas (2012)

Pelo octogésimo aniversário do autor de baladas, fica aqui a sugestão para hoje.
Muitas músicas havia por onde escolher, fica esta cujo vídeo dá destaque à palavra escrita.

03: Show Me the Place

A Montanha Mágica (p.582)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) os seus pensamentos trilhavam veredas menos musicais; as veredas amargas da desilusão causada pelos acontecimentos que zombavam de um moço que se sujeitara a um longo período de espera, e quando chegara o fim desse período, se vira ignominiosamente logrado; (...)"

2014-09-21

Sintra: take dois

Depois da tentativa frustrada da véspera, não abandonei a ideia do programa em Sintra, mas tive de mudar de estratégia. Mas já não consegui convencer a mais velha a sair de casa, e a avó, conformada, resolveu ficar com ela. O plano seria cumprido a dois, eu e a mais nova...
E fazer uma nova abordagem, pode até ser uma oportunidade para enriquecer a experiência que se pretende viver e proporcionar. E se o principal problema foi o trânsito e o estacionamento, resolvi deixar o carro próximo de uma estação de comboios, e seguir nesse transporte até ao nosso destino, diversificando a nossa aventura.
Não foi tão fácil como eu pensava, mas lá conseguimos deixar o carro perto o suficiente de uma estação de comboios, depois da pequena ter feito alguns comentários espirituosos por andarmos às voltas, à procura...
O desafio seguinte foi comprar os bilhetes! As máquinas automáticas são (talvez) boas para quem já as conhece bem... no meu tempo era muito mais simples comprar um bilhete de ida-e-volta! Mas enfim, (com uma pequena ajuda) finalmente munidos dos nossos bilhetes lá fomos nós!
E a viagem de comboio foi uma aposta ganha! Primeiro porque em vez de dar atenção à estrada e ao trânsito, pude dedicar toda a minha atenção à minha filhota! E se ela nos prende a atenção... desde a brincadeira com uma pequena máquina fotográfica de plástico a fingir que tirava fotos a tudo, e que serviu para se meter com umas miúdas (espanholas?) que tinham roupa com motivos da Violetta, até meter-se com uma mulher com tatuagens no braço que ela não parava de elogiar...
- É gira, não é, pai?
Chegados ao fim da linha, tínhamos agora uma pequena caminhada até ao nosso primeiro destino - que ainda dava tempo de visitar antes do almoço -, e durante a qual aproveitei para tirar umas selfies (sim, também eu, agora que tenho um telemóvel que até tem uma máquina só para essa finalidade...) com a pequena.
Essa nossa primeira paragem foi no Museu do Brinquedo, a poucos dias de encerrar definitivamente (no final desse mês). A minha pequena ia entusiasmada e as primeiras vitrinas, ainda no átrio, com conjuntos de bonecos da Playmobil, corresponderam às suas expectativas iniciais. Mas estas foram esmorecendo à medida que íamos subindo de piso para piso, como ela disse:
- São só brinquedos velhos e não podemos brincar com nenhuns...
Também me pareceu que o museu está concebido mais para os adultos do que para as crianças, o que até se depreende pela altura a que estão algumas das vitrinas - a um metro e meio de altura... Mas quando chegámos ao último piso, o "sótão das bonecas", ela voltou a delirar, com as bonecas e com os conjuntos de mobílias, e até disse:
- Ai! Eu quero estes! Não me importava de aqui ficar para sempre, até de ficar aqui fechada de castigo...
Só por isto, já valeu a pena a visita! Fui tirando uma quantidade de fotos, e à saída ainda passei pela loja, que estava em liquidação total, onde comprei o catálogo do museu... e a seguir fomos almoçar.
(Pizza, por escolha da pequena, mas afinal ela só queria era as azeitonas...)
Depois do almoço, nova caminhada até à Quinta da Regaleira, nossa segunda (e última) etapa da nossa visita a Sintra, onde nunca tinha ido, mas de que tinha excelentes recomendações, nomeadamente do meu mano mais novo, reforçadas no jantar da véspera.
E quando lá chegámos, logo à primeira vista foi possível confirmar. Comecei logo a tirar fotografias, mas algo se estava a passar com a máquina, não estava a guardar as fotos... Entrámos, e aquilo lá dentro é um mundo, como se pode ver neste mapa (em pdf), simplesmente fantástico.
Fomos deambulando à descoberta, sem recorrer muito ao mapa... E descobrimos a gruta do labirinto, onde puxei da lanterna que levei - alertado pelo meu irmão - e a dei à pequena... E se ela, no princípio, entrou a medo, depressa o seu entusiasmo se lhe sobrepôs. (Voltei a tentar tirar uma fotos, mas estas tentativas só bloqueavam o telemóvel, e deixei de tentar.)
Pelo labirinto dentro fomos descobrindo o lago, quedas de água, os poços iniciáticos - onde chegávamos pelo fundo - e as várias saídas e passagens escondidas do próprio labirinto. E o que ela estava a gostar de ir de lanterna à frente, à descoberta... e saímos e voltámos a entrar...
Quando fizemos uma pausa para lanchar, no jardim, voltei a dedicar alguma atenção ao telemóvel, para ver se percebia o que estava a bloqueá-lo, sem resultado... Lembrei-me, então, que se o desligasse e reiniciasse, o problema se resolveria. Dito e... nada feito! Bronco! Não é que me esqueci que para o voltar a ligar seria necessário introduzir o PIN, e não me lembrava qual era, e o cartão com o n.º estava em casa, a uma boa quantidade de quilómetros dali...
Resultado: fiquei sem telemóvel... e sem fotografias. (Na verdade, também não me lembrei que se tirasse o SIM do telemóvel, aquilo funcionaria "só" como máquina fotográfica, que foi o que acabei por fazer no dia seguinte...)
- Bom, tudo bem! O sítio é espectacular, a minha filha está animada, vamos mas é aproveitar o passeio e tentar não pensar mais neste acidente técnico!
Depois desta pausa, continuámos a nossa exploração daquele mundo; visitámos as torres e outras pequenas construções espalhadas pelo jardim, com a pequena a inventar histórias e personagens em cada uma; voltámos a entrar no labirinto com a pequena muito entusiasmada, de lanterna na mão, a dizer:
- Vamos seguir aquelas miúdas! (um grupo de francesas?)
E ela não queria sair de lá, mas lá a convenci a ir visitar a capela e, finalmente, a casa, sempre com novos recantos, espaços únicos e enquadramentos surpreendentes! Até que se fizeram horas de voltar para o pé da avó e da filha mais velha... embora a pequena ainda lá quisesse ficar mais tempo!
Sempre bem disposta, a inventar adivinhas e outras conversas, depressa se cumpriu a caminhada até à estação, onde apanhámos o comboio de regresso à estação de partida. Nova oportunidade para a filhota comer mais umas bolachinhas, e voltar a meter-se com uma turista (inglesa?) a quem ofereceu uma bolacha:
- Oh! How sweet! Thank you!
... e mais alguma conversa. E depois já na estação, quando viu uma outra senhora, com quem engraçou:
- Aquela senhora é gira, não é pai? (anui...)
- (respondeu a senhora) Oh, que bom que é ouvir isso, assim, ao fim de um dia de trabalho! Também és muito gira!
Depois, pegar no carro e regressar ao ponto de partida, onde encontramos a mais velha de volta do computador e a avó de volta do jantar.
Contámos as nossas aventuras, de como a pequena andou sempre bem disposta e não se cansou de andar a pé, do que vimos e de que tanto gostámos, e de como estamos convencidos de que se elas tivessem ido, também teriam gostado.

Ficam aqui apenas algumas fotografias do Museu do Brinquedo, porque do resto não há.

Clicar em cima das fotos para ver em maior.

A Montanha Mágica (p.571)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) A vista é incerta, porque não temos órgãos nem sentidos que nos informem sobre o espaço.. Caminhamos, caminhamos... Desde quando? Até onde? Que sabemos nós disso? Nada se modifica, por mais que avancemos. O «ali» é igual ao «aqui», o passado é idêntico ao presente e ao futuro. na imensa monotonia do espaço afoga-se o tempo, o movimento de um ponto para outro deixa de ser movimento, não existe tempo."

2014-09-20

A Montanha Mágica (p.565)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"Pode narrar-se o tempo, o tempo em si mesmo, como tal e em si? Não, na verdade seria uma empresa louca. Uma narração onde se dissesse: «O tempo passava, fluía, o tempo seguia o seu curso», e assim por diante, nunca um homem de espírito são poderia considerá-la história. (...) O tempo é o elemento da narração, assim como é o elemento da vida: está-lhe inseparavelmente ligado, como aos corpos no espaço. O tempo é também o elemento da música, a qual mede e divide o tempo, tornando-o, simultâneamente, interessante e precioso, no que, como já foi dito, se assemelha à narração que, ela também (e de maneira muito diferente da presença imediata e brilhante da obra plástica, que só está ligada ao tempo como corpo), não é mais do que sucessão, é incapaz de apresentar-se senão como fluência, e tem necessidade de recorrer ao tempo ainda que tente ser inteiramente presente num dado momento."

2014-09-19

Bachelorette


Björk como Isobel
single do álbum Homogenic (1997)

Outra sugestão do meu mano mais novo.
Para partilhar o seu entusiasmo por uma música, bem acompanhada pelo vídeo, que vale a pena conhecer.

04: Bachelorette

A Montanha Mágica (p.555)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) Quer a conheçamos, quer não, conserva pleno valor para a alma aquela sentença de um sábio espirituoso que disse: enquanto existimos, não existe a morte, e quando ela existe, nós já deixámos de existir; por conseguinte, entre nós e a morte, não há nenhuma relação real; é uma coisa que para nós não tem interesse de modo algum e que, quando muito, diz respeito ao Mundo e à Natureza; motivo por que todas as criaturas a contemplam com grande calma, com indiferença, uma irresponsabilidade e inocência egoístas. (...)"

2014-09-18

Aero Dynamik | MTV

Kraftwerk
Minimum-Maximum Disk 2 (2005)

Ainda ficou uma de fora, das músicas incluídas no primeiro DVD oficial dos Kraftwerk, que passei aqui e aqui.
É a que trago aqui hoje, que aparece como extra no DVD, uma actuação ao vivo na MTV.
Um espanto visual...

09: Aero Dynamik | MTV

A Montanha Mágica (p.538)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) Um filantropo não pode reconhecer nenhuma diferença entre política e não-política. A não política não existe. Tudo é político."

2014-09-17

Mixtape It's Only Goodbye

Eis a oitava mixtape do meu irmão mais velho.
Nova selecção de músicas, desta vez todas de 1978, para oitenta minutos de boa companhia sonora.
E é aproveitar, enquanto estão disponíveis, para ouvir as anteriores mixtapes:

Mixtape A Day In The Life
Mixtape Os Limites do Mar
Mixtape Play To The World
Mixtape High Hopes
Mixtape Just A Normal Day
Mixtape I'm Not In Love
Mixtape Watching And Waiting

01: Holiday (Richard Wright, 1978, Wet Dream); 02: So Far Away (David Gilmour, 1978, David Gilmour); 03: Many Too Many (Genesis, 1978, ...And Then There Were Three...); 04: Home Sweet Home (Peter Gabriel, 1978, Peter Gabriel); 05: Onward (Yes, 1978, Tormato); 06: Nova Lepidoptera (Barclay James Harvest, 1978, XII); 07: Had To Fall In Love (The Moody Blues, 1978, Octave); 08: Freedom Exists, A Feast Of Friends (The Doors, 1978, An American Prayer); 09: For You (Triumvirat, 1978, A La Carte); 10: Jealousy (Queen, 1978, Jazz); 11: It's Only Goodbye (Gentle Giant, 1978, Giant for a Day!); 12: Come Back To Me (Uriah Heep, 1978, Fallen Angel); 13: Wild West End (Dire Straits, 1978, Dire Straits); 14: Racing in the Street (Bruce Springsteen, 1978, Darkness on the Edge of Town); 15: WoW (Kate Bush, 1978, Lionheart); 16: We've Got Tonight (Bob Seger, 1978, Stranger in Town); 17: Hoping Love Will Last (Steve Hackett, 1978, Please Don't Touch!); 18: Starlight Ride (Camel, 1978, Breathless)

A Montanha Mágica (p.518)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) O homem é dono das contradições que existem por seu intermédio, e por conseguinte é mais nobre do que elas. Mais nobre do que a morte, demasiado nobre para ela, e isto constitui a liberdade do seu cérebro. Mais nobre do que a vida, demasiado nobre para ela, e isto constitui a piedade do seu coração. (...)"

2014-09-16

Wishful Thinking

Propaganda
Wishful Thinking (1985)

Regresso à batida dos Propaganda para carregar energias.
Regresso ao passado, sem deixar de seguir em frente.

A - HERE: 01: Abuse; 02: Machined; 03: Laughed!; 04: Loving
B - THERE: 01: Jewelled; 02: Loved; 03: Abuse; 04: Thought

A Montanha Mágica (p.515)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) Não se cansava de olhar e contudo perguntava-se, angustiado, se lhe era permitido olhar, se esse acto de encarar aquela felicidade cheia de Sol e civilidade não era repreensível para ele que se sentia destituído de nobreza, feio e pesado."

2014-09-15

In Visible Silence

Art of Noise
In Visible Silence (1986)

aqui coloquei uma versão deste álbum o vivo, com a indicação para apreciar o vídeo e ver o espectáculo.
Hoje proponho a versão do álbum de estúdio, para simplesmente apreciar a música dos Art of Noise.

01: Paranoimia; 02: Eye Of A Needle; 03: Legs; 04: Slip Of The Tongue; 05: Backbeat; 06: Instruments Of Darkness (All Of Us Are One People); 07: Duane Eddy Peter Gunn; 08: Camilla: The Old, Old Story; 09: The Chameleon's Dish; 10: Beatback; 11: Peter Gunn [Extended Version]; 12: Opus 4



Editado em 2017.06.23: substituído o vídeo 44XhasKRgYQ pelo qVIAphN39J0

A Montanha Mágica (p.488)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) «a liberdade era a lei do amor ao próximo». (...)"

2014-09-14

A Montanha Mágica (p.485)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) «Digno de viver» - e imediatamente, por meio de uma associação mais natural e legítima, surgiria a ideia de «agradável de viver», tão intimamente aparentada ao outro termo que podia dizer-se que só era digno do verdadeiro amor o que era verdadeiramente digno de viver. (...)"

2014-09-13

Lucy

Luc Besson
Lucy (2014)

O objectivo do dia era ir passear para Sintra, visitar dois ou três locais em especial, certo que iria ser um programa que agradaria a todos. E o plano era ir nas calmas, almoçar por lá, e passear sem pressas. Por isso, não se apressou ninguém, nem mesmo a filha mais velha que demonstrava a sua pouca vontade de sair, permanecendo na cama até ao limite.
Mas a coisa não correu bem. Saímos a uma hora razoável para cumprir o plano, a viagem demorou pouco e chegámos lá com tempo para ainda passear antes do almoço. Chegámos lá, de carro, mas assim que começamos a aproximar-nos do centro histórico, o trânsito começou a entupir e foi impossível arranjar lugar para estacionar. Estivemos presos no trânsito cerca de uma hora, até nos conseguirmos libertar!
Não estava a contar com aquela enchente, mas era de esperar, afinal, mesmo sendo uma quinta-feira, estávamos em Agosto, num sítio que atrai mais turistas do que os que cabem lá... Por isso, assim que vimos uma possibilidade de nos livrarmos do trânsito, resolvi sair dali e irmos almoçar num centro comercial dos arredores. Pelo menos, não haveria problemas para estacionar, e todos poderiam escolher a fast food mais do seu agrado...
Abortado o plano original - tendo em conta o que se tinha passado, já não valia a pena insistir -, houve que demonstrar capacidade de adaptação, e reprogramar as actividades do dia. Resolvemos antecipar a intenção de ir novamente ao cinema, agora com a mais velha. Assim, também poderia apaziguá-la, dado que a contrariedade de sair de casa já tinha evoluído para um mau-humor galopante. E nesse dia estreava um filme que ela queria ver e que tinha demonstrado interesse em ir no dia da estreia...
Fomos até casa, para deixar a avó e a neta mais nova, que ficou a ver um dvd de desenhos animados, e, assim que se fizeram horas, lá fomos para o cinema.

Lucy é o nome do filme que suscitava aquele interesse. Um filme cuja história parte da ideia de que o ser humano apenas usa 10 % do cérebro e avança para o que poderia acontecer se usasse a totalidade das suas capacidades. E que em volta disso levanta uma série de questões filosóficas à mistura com uma história de acção. Pena que a acção acabe por levar a melhor sobre a filosofia.
Uma cena tocou-me particularmente, quando a protagonista, já sob o efeito da droga que lhe incrementou a capacidade cerebral, tendo já percebido que esse desenvolvimento levará a sua vida a termo num curto prazo, telefona à mãe, de cujo diálogo apanhei um excerto na web:

Lucy: I feel everything. Space, the air, the vibrations, the people, I can feel the gravity, I can feel the rotation of the Earth, the heat leaving my body, the blood in my veins. I can feel my brain. The deepest parts of my memory.

O final do dia ainda deu para oferecer um jantar em casa, ao meu mano mais novo e suas meninas, bifinhos com cogumelos cozinhados por mim. Oportunidade para a minha mais nova brincar com a priminha, e para mostrar as filmagens da ida à KidZania. (Sim, não há jantares de graça, é preciso gramar com as filmagens de férias... eheheh)

A Montanha Mágica (p.478)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) O espanto em face da morte remontava a épocas de um nível cultural extremamente baixo, nas quais a morte violenta fora a regra, e o carácter terrível que a revestira por muito tempo associara-se, no sentimento do Homem, à ideia da morte em geral. Graças ao desenvolvimento da higiene como ciência e à consolidação da segurança pessoal, porém, a morte natural tornara-se comum, e ao trabalhador moderno a visão do repouso eterno, após o esgotamento normal das suas forças, de modo algum se afigurava medonho, mas esperado e desejável. Não, a morte não era um fantasma nem um mistério; era um fenómeno inequívoco, racional, fisiológicamente necessário e desejável; perder um tempo excessivo com a sua contemplação seria roubar à vida o que lhe cabe. (...)"

2014-09-12

Brincar às profissões

Não estava à espera que a mais velha quisesse ir, uma vez que já tem a idade máxima para entrar, para a brincadeira. Até porque, no ano anterior, quando fui pela primeira vez com a mais nova, ela já me tinha dito que aquilo era para putos, e que não lhe interessava ir. Por isso, fiquei surpreendido, agradavelmente surpreendido, quando, uns dias antes do início das férias, ela me disse que também gostava de ir.
Claro que tive de fazer um orçamento rectificativo, tanto mais que, indo a mais velha, também a avó delas iria, pelo que vai de procurar algum desconto ou promoção que permitisse reduzir o aumento do custo em ingressos. E no site encontrei a solução ideal, o novo bilhete família, exclusivo para compras antecipadas na rede de bilheteiras lá indicada. Por isso o fomos comprar na véspera.
Esta aquisição antecipada cedo revelou outra vantagem, assim que lá chegámos e vimos o tamanho da fila para comprar os bilhetes, e vimos que havia outra fila, bem mais pequena, para quem já tivesse bilhetes. Curta espera e... "Bem-vindos à KidZania!"

Lá dentro, as miúdas passaram a ser cidadãs, eu e minha mãe passámos a turistas. Da quantidade de coisas que lá se podem escolher para fazer, as cidadãs começaram por nos levar numa viagem de avião, foram distribuir correio e a mais pequena foi às compras no hipermercado, enquanto a mais velha ficou a contar o dinheiro. A mais velha começou por dizer que só estava lá para ajudar a mais pequena a ganhar mais dinheiro, depois começou a ver coisas que lhe interessavam fazer, como a escalada, que a mais pequena também quis seguir, e depois resolveram ir cada uma para seu lado, para satisfazer as suas preferências.
A avó foi com a mais velha, jogar futebol e depois estudar na universidade, onde tirou duas licenciaturas. Eu fiquei com a mais pequena, que acompanhei à maternidade, onde foi tratar dos bébés, e depois fomos assistir à peça de teatro "Peter Pan, Uma Aventura na Terra do Nunca" para logo depois voltarmos à escola de teatro (depois de uma primeira tentativa falhada por já estar lotada - só havia lugar para seis, duas sessões por dia...) porque a pequena queria actuar. E prestou-se a esperar meia hora até a escola abrir e mais meia hora para o ensaio...
Cá fora, a minha mãe e a minha maior juntaram-se a mim, para irmos assistir ao espectáculo no teatro. A peça durava pouco mais de vinte minutos, e a nossa artista só apareceu a meio, no papel de um dos meninos perdidos, e, claro, eu só tinha olhos para ela... Foi muito divertido! No final, fomos esperá-la na saída dos artistas, como uma estrela!
Depois ainda houve tempo para uma ida à discoteca, todos juntos, e novamente separados, eu fui levado pela pequena à clínica veterinária e ao oculista, enquanto a mais velha ainda foi tirar mais uma licenciatura, acompanhada pela avó.

Uma amiga minha disse que aquilo é divertido para os miúdos, mas uma seca para os pais; outra contou-me que pai e mãe se revezaram lá dentro e fora, para não se cansarem tanto; a minha mãe logo que lá chegou informou-se se podia sair e voltar a entrar, mas não chegou a fazê-lo. Eu fui-me entretendo a fotografar e filmar as filhotas, e nos tempos mais mortos, fiz ver à mais pequena, entre as muitas coisas que pode ter aprendido, que também tem de saber esperar, que saltar de umas filas para as outras não lhe permitia fazer mais coisas e só aumentaria o tempo passado à espera... aprender a ter paciência, que ela revelou ter!

Nesse dia fiz mais filmes do que tirei fotografias, e destas, as que aqui apresento são apenas fragmentos delas... como fragmentos das memórias de tudo o que se passou.

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