2015-10-05

D. Quixote de la Mancha (vol.II, p.406-407)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1615)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) compreendo a necessidade que os juízes e governantes têm de ser ou fazer-se de bronze para não sentir a importunidade dos demandantes. Todos eles querem que os ouçam e despachem a tempo e horas, não vendo senão o seu caso, dê lá por onde der. O bonito é que se o pobre magistrado não os recebe e não dá despacho, porque não pode ou não há ensejo, logo dizem mal dele, murmuram, cortam-lhe na casaca e até lhe deslindam a geração. Pretendente néscio, pretendente mentecapto, não tenhas pressa! Espera a tua vez e boa conjuntura para seres recebido em audiência. Não venhas à hora de comer, nem de dormir. Olha que os juízes são de carne e osso e hão-de dar à natureza o que ela lhes exige, (...)"

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