2015-10-21

D. Quixote de la Mancha (vol.II, p.572)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1615)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"(...) O que entendo é que, enquanto durmo, não tenho receios, nem esperanças, nem trabalhos, nem glórias. Bem haja quem inventou o sono, capa que esconde todos os pensamentos humanos, manjar que mata a fome, água que estanca a sede, fogo que acalenta o frio, frio que tempera o ardor, numa palavra, moeda universal mercê da qual se resgatam todas as coisas, balança que nivela o pastor com o rei, e o simples com o sapiente. O sono só tem uma coisa má, conforme tenho ouvido dizer, e é que se parece com a morte, pois que dum homem mergulhado no sono a um defunto pouca diferença vai."

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