2015-10-19

D. Quixote de la Mancha (vol.II, p.559-560)

Miguel de Cervantes Saavedra
D. Quixote de la Mancha (1615)
(trad. Aquilino Ribeiro)


"- É próprio dos corações valentes, senhor meu, ser tão sofrido nas desgraças como regozijado nas prosperidades. Ajuízo-o por mim que, se quando governador, andava alegre, agora, que sou escudeiro a butes, não estou triste. Ouvi dizer que essa que para aí chamam felícia é uma mulher bêbeda, anojadiça e sobretudo cega. Por isso não vê o que faz, nem dá conta de quem exalta ou abaixa.
- Muito filósofo tu estás, Sancho - proferiu D. Quixote. - Falas com toda a ponderação. Com quem aprendeste? O que te sei dizer é que não há sina pessoal e as coisas que nos sucedem, boas ou más, não vêm por acaso, mas determinadas pela providência. Daqui o ser corrente dizer-se: cada um é artífice da sua sorte. Eu fui-o da minha, mas sem a prudência necessária. (...)"

Sem comentários: