2015-12-26

Matéria Solar (p.72)

Eugénio de Andrade
Matéria Solar (1980)

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"Olha, já nem sei de meus dedos
roídos de desejo, tocava-te a camisa,
desapertava um botão,
adivinhava-te o peito cor de trigo,
de pombo bravo, dizia eu,
o verão quase no fim,
o vento nos pinheiros, a chuva
pressentia-se nos flancos,
a noite, não tardaria a noite,
eu amava o amor, essa lepra."

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