Erasmo de Roterdão Stultitiae Laus (1509-1511) (trad. Álvaro Ribeiro)
[na dedicatória]
"Quanto aos que de mordacidade me acusam, responderei que sempre ao escritor foi permitida a liberdade de se rir das inferioridades da vida humana, com a condição de não ofender a ninguém. Admiro a delicadeza dos ouvidos do nosso tempo, que não admitem mais do que a linguagem plena de lisonja solene. Vemos religiosos que compreendem a sua confissão às avessas, e que tolerariam mais uma blasfémia gravíssima contra Cristo do que a mais leve sátira contra um pontífice ou um príncipe, sobretudo se lhe devem o pão. Criticar os costumes dos homens, sem atacar qualquer pessoa denominada, será efectivamente morder? Não será antes ensinar ou aconselhar? Aliás, não faço incessantemente a crítica de mim próprio? Uma sátira que não exclui género de vida, não ataca qualquer homem particular, mas os vícios de todos. Se alguém se ergue a clamar que foi lesado, procederá segundo a voz da sua consciência, que o acusa. (...)" |
2016-06-10
Elogio da Loucura (p.10-11)
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