2022-04-17

Fahrenheit 451 (p.59)

Ray Bradbury
Fahrenheit 451 (1953)
(trad. Casimiro da Piedade)


"(...) E lembrou-se de ter pensado então que, se ela morresse, não choraria: seria apenas a morte de alguém estranho, um rosto na multidão das ruas, um rosto vislumbrado num jornal. E aquilo pareceu-lhe tão errado que começou a chorar, não perante a possibilidade da morte dela mas perante o facto de não chorar por causa dessa morte, um homem vazio e tonto ali junto a uma mulher vazia e tonta, enquanto a cobra voraz a esvaziava ainda mais.
«Como é que alguém fica tão vazio?», perguntou-se. Quem nos esvazia desta forma? (...)"

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