Ray Bradbury Fahrenheit 451 (1953) (trad. Casimiro da Piedade)
"— (...) As pessoas neste livro, nesta peça, nesta série de televisão não representam verdadeiramente quaisquer pintores, cartógrafos ou mecânicos que possam viver em alguma parte. Quanto maior o mercado, Montag, menor a margem para controvérsia: lembre-se disso! Todas as minorias, as mais pequenas e menores minorias, têm de ter o umbigo bem lavado e limpo. Autores, cheios de pensamentos perniciosos nas vossas cabeças, fechem à chave as vossas máquinas de escrever! E eles fecharam-nas. As revistas tornaram-se numa agradável papa de baunilha e tapioca. Os livros, segundo afirmavam esses malditos críticos snobes, não passavam de água de loiça suja. Não admirava que tivessem deixado de se vender, diziam os críticos. Mas o público, sabendo o que queria, a saltitar de alegria, lá manteve as revistas de banda desenhada. E as revistas tridimensiionais de sexo, claro. E aí tem, Montag: não foi uma decisão governamental. Não houve uma ordem, uma declaração, um ato de censura, nada disso! A tecnologia, a exploração massificada e a pressão das minorias fizeram tudo sem qualquer ajuda. Hoje, graças a elas, pode manter-se feliz o tempo todo, pode ler banda desenhada, revistas de mexericos ou jornais especializados."
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2022-04-20
Fahrenheit 451 (p.73)
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