Ray Bradbury Fahrenheit 451 (1953) (trad. Casimiro da Piedade)
"— (...) Não se constrói uma casa sem pregos e madeira. Se não se quer contruir uma casa, é melhor esconder os pregos e a madeira. Se não se quer um homem politicamente infeliz, é melhor não lhe apresentar dois lados de uma questão para o preocupar: apresente-se-lhe apenas um. Ou melhor: não se lhe apresente nenhum. Que ele se esqueça de que há uma guerra. Ter um governo ineficaz, de mão pesada na repressão e nos impostos é, ainda assim, melhor do que se houver gente a preocupar-se com isso. Paz, Montag. Dê-se às pessoas concursos que elas possam ganhar ao lembrarem-se das letras das canções mais populares ou dos nomes das capitais estaduais ou da quantidade de milho produzido no Iowa no ano passado. Encha-lhes a cabeça de factos não-combustíveis, de tantos factos até se sentirem cheias mas 'brilhantes' por adquirirem tanta informação. Aí começarão a sentir que pensam, que se movem sem na realidade se moverem. E serão felizes, porque factos dessa natureza não mudam. Evite-se dar-lhes matérias escorregadias como Filosofia ou Sociologia para que liguem umas coisas às outras. Esse é o caminho para a melancolia. (...)"
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2022-04-22
Fahrenheit 451 (p.76-77)
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