Umberto Eco La Misteriosa Flamma Della Regina Loana (2004) (trad. Simonetta Neto)
"(...) O meu coração batia com tamanha violência que, desta vez, agora sim, poderia ter decidido que estava doente. Pelo contrário, sentia-me cheio de energia selvagem, pronto para o momento supremo.
Ela surgiu à minha frente, parou, surpreendida. Perguntei-lhe: É aqui que mora o Vanzetti? Ela respondeu que não. Eu disse obrigado, desculpa, enganei-me. E fui-me embora. O Vanzetti (quem seria ele?) foi o primeiro nome que, tomado pelo pânico, me veio à cabeça. Depois, à noite, convenci-me de que era justo que as coisas se tivessem passado daquela forma. Tinha sido a última astúcia. Se ela tivesse desatado a rir, se me tivesse dito o que é que te passou pela cabeça, és muito querido, agradeço-te, mas, sabes, tenho mais em que pensar, o que é que eu teria feito? Tê-la-ia esquecido? A humilhação ter-me-ia levado a julgá-la uma parva? Ter-me-ia colado a ela como um adesivo durante os dias e meses seguintes, pedinchando uma segunda oportunidade, tornando-me o bobo da corte do liceu? Ao calar-me, pelo contrário, tinha guardado tudo aquilo que já tinha, e não perdera nada." |
2014-06-02
A Misteriosa Chama da Rainha Loana (p.378)
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