José-Alberto Marques BibliotecapessoaL (2014)
"Os filósofos falam do espaço e do tempo;
Os militares falam do espaço que é suficiente e do tempo limitado; Os economistas falam do espaço de tempo Para resolver as obrigações e do tempo Que se cumpriu sem resultado e não há direito a retorno; Os padres falam da nave central Que se dirige ao altar e do pouco tempo que deus nos reserva Para as orações copulativas, condicionais e finais; Os sociólogos falam do longo longo tempo Que fez manter etnias sem progresso para estudar o seu progresso E do tempo que não obedeceu às suas reflexões; Os psicólogos falam do tempo da correcção dos comportamentos E do espaço dado aos comportamentos possíveis Que escolhem para sinalizar nos media de alto share Para guardar como medalha na arca da memória própria; Os neuropatas falam do tempo que não coincide com o tempo Dos clientes falantes e do espaço que «Medeia» considerou O infinito do conhecimento; Os professores falam do tempo em função do seu tempo E do espaço exíguo que tiveram Para passear a inteligência; Os poetas falam do tempo que não existe E da inexistência de espaço para escrever O todo tanto do nada, Sobretudo; Os romancistas falam do tempo atirando a estória Para os olhos, ouvidos, memória e inteligência do leitor Precisamente porque jogam o espaço Alongando as palavras iguais a palavras longas longas Sem termo, mas com todo o significado e seu significante; Os dramaturgos constroem o tempo Através do corpo dos actores E criam o espaço com a voz do silêncio dos espectadores; Os museólogos ficam no princípio e no fim do seu tempo A ouvir sons no espaço mais útil e inútil das suas ambições Perdidas;" |
2015-04-13
BibliotecapessoaL (p.57-59)
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