2014-07-28

As Intermitências da Morte (p.209)

José Saramago
As Intermitências da Morte (2005)

"(...) Pensando bem, não tenho ideia nenhuma de quem és, mas isso não conta, o que importa é que gostemos um do outro. A amargura do violoncelista foi diminuindo a pouco e pouco, em verdade o mundo está mais que farto de episódios como este, ele esperou e ela faltou, ela esperou e ele não veio, no fundo, e aqui para nós, cépticos e descrentes que somos, antes isso que uma perna partida. Era fácil dizê-lo, mas bem melhor seria tê-lo calado, porque as palavras têm muitas vezes efeitos contrários aos que se haviam proposto, tanto assim que não é raro que estes homens ou aquelas mulhers jurem e preguejem, Detesto-a, Detesto-o, e logo rebentem em lágrimas depois da palavra dita. (...)"

Sem comentários: