2014-07-02

Kim (p.280-281)

Rudyard Kipling
Kim (1901)
(trad. Monteiro Lobato)


"(...) Descuidares de mim? Criança, eu tenho vivido da tua força, como uma velha árvore viva da cal de um muro novo. Dia a dia, desde que saímos de Shamlegh, tenho roubado o teu vigor juvenil. É por isso, e não por nenhum pecado teu, que estás esfalfado. É o corpo - estúpido corpo - que fala agora - não a alma forte. Coragem. Temos de conhecer os inimigos que combatemos. São filhos da terra - filhos da ilusão. (...) Esqueci-me do estúpido corpo. Se há alguém a ser acusado, esse alguém sou eu. Mas estamos muito perto da Libertação para pensarmos em queixas. Eu poderia louvar-te, mas para quê? Dentro de pouco tempo estaremos livres de qualquer necessidade. (...) - o nosso corpo, o qual, sendo uma ilusão, insiste em equiparar-se à alma, para obscurecer o Caminho e criar a imensa multiplicação de demónios desnecessários.
(...) Há muitas mentiras no mundo e não menos mentirosos; mas mais mentirosos que o nosso corpo, só as sensações do nosso corpo (...)"

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