2014-11-30

O Jogo das Contas de Vidro (p.231)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) Tinha conhecido todas as possibilidades de empregar as suas forças que o cargo lhe dava e chegara ao ponto em que todas as grandes naturezas abandonam a via da tradição e do conformismo dócil e em que, confiantes em potências supremas que não têm nome, devem enveredar por vias novas nunca traçadas nem conhecidas e assumir os riscos."

2014-11-29

Por Favor Rebobine

Michel Gondry
Be Kind Rewind (2008)

Estava eu a preparar-me psicologicamente (a fazer zapping na tv) para ir estender a roupa, quando me ligou o meu irmão mais velho. Que tinha estado a ver um bocado de um filme que tinha acabado de passar num dos inúmeros canais a que agora tenho acesso e que me aconselhava a vê-lo, que achava que eu ia gostar.
Disse-lhe que teria de ver se conseguia arranjar tempo para isso, e fui estender a roupa. Mas fiquei a pensar, ele ligou de propósito para aconselhar o filme, e a minha curiosidade aumentou...
Estendida a roupa, e vendo as filhas entretidas no(s) computador(es), e havendo ainda algum tempo livre até à hora do jantar, resolvi dedicá-lo à satisfação dessa curiosidade e seguir o conselho do mano mais velho.
E embora tenha tido que interromper a sessão para ir jantar, vi o filme até ao fim logo a seguir, e não há dúvida que foi de encontro aos meus gostos. Um humor terno, uma comédia optimista em elogio ao cinema - com ecos de um Ed Wood - e uma realização que realça o valor da criatividade.

"Jerry: How come you never got married Mr. Fletcher?
Elroy Fletcher: Well, the common story is, the girl that you's gon' ask you waited too long to ask. She went on to marry somebody else and then you can't find anybody to compare to her, so what happens?... You get old."

O Jogo das Contas de Vidro (p.223)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) incarnava verdadeiramente na sua pessoa a aversão desse meio por todo o estudo histórico. (...) a história, era qualquer coisa de tão feio, de tão banal e ao mesmo tempo tão diabólico, tão ignóbil e tão fastidioso que não compreendia como pudessem interessar-se por ela. (...) A história universal era a narrativa interminável, sem espírito nem jogo dramático, da violência feita ao mais fraco pelo mais forte. E querer estabelecer uma relação entre a história verdadeira, real, a história intemporal do espírito e esta rixa estúpida e velha como o mundo dos ambiciosos em busca do poder e dos arrivistas ávidos dum lugar ao sol, ou querer explicá-la por meio desta, era verdadeiramente trair o espírito (...) A história universal era uma competição no tempo, uma corrida ao ganho, ao poder, ao tesouro; o que importava era ter bastante vigor, sorte ou baixeza para não falhar o bom momento. O acto espiritual, cultural, artístico era exactamente o contrário: era sempre uma evasão da escravatura do tempo; o homem, da lama dos seus instintos e da sua inércia, elevava-se até outro nível, até ao intemporal, até ao supratemporal, o divino, um domínio radicalmente estranho e rebelde à história. (...)"

2014-11-28

Concerto de Natal 2012

Firmação e SFUM
Concerto de Natal (2012)

E hoje, a sugestão vai para outros coros que não de Cante Alentejano.
E como se aproxima a época natalícia, o vídeo de um concerto a propósito, com a participação da filhota mais velha.
De valor mais sentimental que outro qualquer, o meu destaque vai para os primeiros quinze a vinte minutos...

Classe de Iniciação do Firmação
Coro Juvenil do Firmação
Filarmónica União Maçaense
Grupo Cultural "Os Maçaenses"
Grupo Coral Sertanense

Bartoon 2014.11.28

Luís Afonso
Bartoon (2014)

Ainda o Cante Alentejano e a sua classificação como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Aqui, a homenagem que lhe faz Luís Afonso na sua sempre oportuna tira diária Bartoon, no jornal Público.

O Jogo das Contas de Vidro (p.197)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) devia ter como base da sua estrutura e das suas proporções o velho esquema confuciano ritual do plano duma casa chinesa: orientação segundo os quatro pontos cardeais, os portais, as paredes dos espíritos, as relações e a finalidade das construções e dos pátios, a sua ordenação em relação aos astros, ao calendário, à vida familiar, a que se acrescentavam o simbolismo e as regras de estilo do jardim. Num dia em que estudava um comentário do Yi-King revelara-se-lhe que a ordem mística e o significado dessas regras constituiam um símbolo particularmente significativo e agradável do cosmo e do lugar reservado ao homem no universo. (...)"

2014-11-27

Cante Alentejano

tradicional alentejano
Cante Alentejano

O Cante Alentejano foi hoje consagrado pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Aqui fica o video que incorporou a candidatura vencedora, e algumas músicas ao acaso...

O vídeo da candidatura portuguesa;
É Tão Grande o Alentejo (Cancioneiro da Diáspora, CD 1997);
O Cante dos Ceifeiros (Os Ceifeiros de Cuba);
Vamos Lá Saíndo (Grupo Coral de Serpa)

O Jogo das Contas de Vidro (p.192)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) Ser bom aluno, aprender, assimiliar e cultivar-se, tal tinha sido então a sua mais alta ambição. Agora o aluno tornara-se professor e fora sobretudo nesta qualidade que levava a cabo a grande tarefa dos primeiros tempos do seu cargo, a luta pela autoridade e pela identificação exacta da sua pessoa com a função. Esta luta levou-o à descoberta de duas coisas: a alegria que se sente em transplantar para o espírito dos outros as suas próprias aquisições intelectuais e vê-las ganhar formas e uma irradiação novas, a alegria de ensinar e, em seguida, a de lutar com a personalidade dos estudantes e alunos, alcançar e exercer autoridade, ser guia, a alegria de educar. (...)"

2014-11-26

Round Midnight

Thelonious Monk
Round Midnight (1944)

Mais uma vez só ao fim do dia, já perto da meia noite, consegui vir pôr aqui mais qualquer coisa...
A propósito da hora, uma pequena demonstração de como o Jazz pode transformar uma música, Round Mignight por vários intérpretes.
Uma sugestão , antes de ir deitar...

Thelonious Monk (1947);
Thelonious Monk Quartet;
Wes Montgomery;
Ella Fitzgerald;
Miles Davis Quintet;
Miles Davis and John Coltrane;
Dizzy Gillespie & Phil Woods Quintet;
Herbie Hancock & Wayne Shorter Quartet;
Chick Corea & Bobby McFerrin;
Sting

2014-11-25

Alfred Hitchcock Apresenta

Charles Gounod
Marche Funèbre d'une Marionnette (1872)

Esta noite vi o último episódio da terceira temporada da série Alfred Hitchcock Presents, e por isso resolvi, já que hoje não me foi possível fazer a sugestão musical mais cedo, que o tema de abertura desta série podia muito bem tomar esse lugar.
É uma série (cujas três primeiras temporadas vinha a ver há bastante tempo, com interrupções) que faz parte do meu imaginário de infância, e que tem alguns poucos episódios dirigidos pelo próprio.
Quanto à música acabei de descobrir que se trata de um excerto de uma pequena peça de Charles Gounod, pelo que passo aqui o tema de abertura e a peça original.

Alfred Hitchcock Intro Theme (Funeral March Of A Marionette);
Gounod - Funeral March Of A Marionette

2014-11-24

Page of Life

Jon & Vangelis
Page of Life (1991)

Hoje comecei o dia com este álbum.
Não é a primeira vez que trago aqui esta dupla, e este não será o trabalho deles que mais me seduz, mas ainda assim, vale bem a pena a sua audição.
Fica a sugestão, para princípio de semana.

01: Wisdom Chain; 02: Page Of Life; 03: Money; 04: Jazzy Box; 05: Garden Of Senses; 06: Is It Love; 07: Anyone Can Light A Candle; 08: Be A Good Friend Of Mine; 09: Shine For Me; 10: Genevieve; 11: Journey To Ixtlan; 12: Little Guitar

2014-11-23

O Jogo das Contas de Vidro (p.155)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) A sorte nada tem a ver com a razão nem com a moral. É, por essência, mágica, atributo dum nível precoce e juvenil da Humanidade. O ingénuo que tem sorte, que recebe prendas das fadas, que é estragado pelos deuses, não é um objecto de observação racional e, por consequência, não é sujeito de biografia, é um símbolo, ultrapassa os limites da personalidade e da história. Há no entanto homens eminentes em cuja vida não se pode abstrair da «sorte»: o simples facto de terem achado efectivamente, de terem encontrado na história e nas suas vidas a tarefa que lhes era adequada, de não terem nascido nem demasiado cedo nem tarde de mais, não é já uma «sorte»? (...)"

2014-11-22

O Jogo das Contas de Vidro (p.153)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) As duas actividades que, na minha vida, me foram mais caras, aprender e ensinar, encontraram nas nossas horas de trabalho em comum uma forma de associação nova e bela, e para mim isso surgiu precisamente na altura certa, pois começo a envelhecer e não teria podido imaginar uma melhor cura de rejuvenescimento do que as nossas sessões. (...)"

2014-11-21

A Um Deus Desconhecido

Sétima Legião
A Um Deus Desconhecido (1984)

O primeiro álbum dos Sétima Legião, no qual começa a sua exploração e reinvenção da música popular portuguesa.
A sugestão vai para a edição em CD, que inclui mais dois temas extra: "Glória" e "A Partida", logo a começar.

01: Glória; 02: A Partida; 03: Com O Vento; 04: Manto Branco; 05: O Canto E O Gelo; 06: Mar D'Outubro; 07: Ritual; 08: Vertigem; 09: Aguarela; 10: A Partida (Versão); 11: A Porta Do Sol; 12: Pois Que Deus Assim O Quis; 13: Anos Depois

O Jogo da Contas de Vidro (p.111)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) Era belo e bastante sedutor exercer um poder sobre homens e brilhar perante os outros, mas era também uma tentação diabólica e perigosa. A história do mundo não se compunha de uma série ininterrupta de soberanos, chefes, homens de acção e comandantes -chefes que, fora as excepções infinitamente raras, tinham todos começado bem e acabado mal. todos, pelo menos afirmavam-no, tinham aspirado ao poder por amor do bem, para em seguida serem possuídos e embrutecidos por esse poder e amá-lo por ele mesmo? (...)"

2014-11-20

Ralf und Florian



Kraftwerk
Ralf und Florian (1973)

O terceiro álbum dos Kraftwerk, com um som ainda muito experimental, ainda quase totalmente instrumental, mas onde já começam a soar mais evidentes os sintetizadores e surge um protótipo de vocoder.
Ainda não é o som deles que me veio a cativar indelevelmente, mas vale a pena ouvir.

01: Elektrisches Roulette; 02: Tongebirge; 03: Kristallo; 04: Heimatklänge; 05: Tanzmusik; 06: Ananas Symphonie

O Jogo das Contas de Vidro (p.110)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) Tinha já feito pessoalmente a experiência de que a fé e a dúvida andam a par, que se condicionam uma à outra, como a inspiração e a expiração. (...)"

2014-11-19

Bolero

Maurice Ravel
Orquestra de Filadélfia dirigida por Riccardo Muti
Boléro (1928)

Uma das minhas músicas preferidas.
Primeiro a sensação de silêncio, depois, aos poucos, a música vai-se insinuando, marcando a sua presença, até finalmente se impor e terminar em apoteose...
Sugere-se de seguida a visualização de uma animação em areia, intitulada Evolution, de Ferenc Cakó que utiliza esta música como banda sonora.

Boléro
"Evolution", animação em areia de Ferenc Cakó com a música do Bolero

O Jogo das Contas de Vidro (p.91)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) É uma maravilha sempre nova e duma comovente beleza a sede de descoberta e de conquista dum jovem que erra à aventura, livre pela primeira vez dos condicionalismos da escola, e se orienta para os horizontes sem fim do espírito; ainda não viu murchar nenhuma ilusão, ainda não sentiu aflorá-lo nenhuma dúvida sobre a sua inesgotável capacidade de entusiasmo nem o infinito do mundo espiritual. (...)"

2014-11-18

The Endless River

Pink Floyd
The Endless River (2014)

O mais recente (último?) álbum dos Pink Floyd.
Oportunidade para conhecer o novo trabalho deste grande grupo, aqui na edição deluxe que inclui mais três temas (para além de uma série de vídeos que aqui não entram...), que saiu há uma semana!
Para variar, a sugestão de hoje é mesmo uma novidade!

01: Things Left Unsaid; 02: It's What We Do; 03: Ebb and Flow; 04: Sum; 05: Skins; 06: Unsung; 07: Anisina; 08: The Lost Art of Conversation; 09: On Noodle Street; 10: Night Light; 11: Allons-y (1); 12: Autumn '68; 13: Allons-y (2); 14: Talkin' Hawkin'; 15: Calling; 16: Eyes to Pearls; 17: Surfacing; 18: Louder than Words; 19: TBS9; 20: TBS14; 21: Nervana

O Jogo das Contas de Vidro (p.85)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) é precisamente quando estamos em dificuldades e nos desviamos do bom caminho, quando teríamos a maior necessidade que nos corrijam, que mais nos repugna precisamente voltar ao bom caminho e ir procurar a boa correcção. (...)"

2014-11-17

An Unexpected Journey - Banda Sonora

Howard Shore
The Hobbit: An Unexpected Journey (soundtrack) (2012)

Esta é para a minha prima-irmã.
A banda sonora do primeiro filme da nova trilogia dedicada aos livros de J.R.R. Tolkien, que vimos em conjunto pouco tempo depois de ter estreado, nas férias de Natal de 2012.
Depois de totalmente conquistados pelos livros e pelos filmes da Trilogia do Anel, não podíamos deixar de seguir a adaptação do primeiro livro: O Hobbit.

01: My Dear Frodo; 02: Old Friends; 03: An Unexpected Party; 04: Axe or Sword?; 05: Misty Mountains (música de David Donaldson, David Long, Steve Roche e Janet Roddick; interpretada por Richard Armitage e The Dwarf Cast); 06: The Adventure Begins; 07: The World Is Ahead; 08: An Ancient Enemey; 09: Radagast the Brown; 10: Roast Mutton; 11: A Troll-hoard; 12: The Hill of Sorcery; 13: Warg-scouts; 14: The Hidden Valley; 15: Moon Runes; 16: The Defiler; 17: The White Council; 18: Over Hill; 19: A Thunder Battle; 20: Under Hill; 21: Riddles in the Dark; 22: Brass Buttons; 23: Out of the Frying-Pan; 24: A Good Omen; 25: Song of the Lonely Mountain (letra e interpretação de Neil Finn; música de Finn, Donaldson, Long, Roche e Roddick); 26: Dreaming of Bag End

O Jogo das Contas de Vidro (p.70)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) - A verdade existe, meu caro! Mas a «doutrina» que desejas, o ensinamento absoluto que confere a sabedoria perfeita e única, não existe. Tão-pouco deves ansiar por um ensinamento perfeito, meu amigo, mas antes pelo aperfeiçoamento de ti próprio. A divindade está em ti e não nas ideias e nos livros. A verdade vive-se, não se ensina de cátedra. (...)"

2014-11-16

O Jogo das Contas de Vidro (p.69)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) Cada um de nós não é senão um homem, uma tentativa, uma etapa. Mas esta etapa deve conduzir-nos até onde se situa a perfeição, devemos tender para o centro e não para a periferia. (...)"

"(...) Onde reina o sentimento apaixonado, a força do desejo e da aspiração nada tem de transbordante; a sua direcção é um alvo individual e falso e daí a atmosfera de tensão e peso. Quem dirige as forças mais elevadas do seu desejo para o centro, para o ser verdadeiro, para a perfeição, parece mais calmo do que o apaixonado, pois a chama do seu ardor nem sempre será visível. (...)"

2014-11-15

O Jogo das Contas de Vidro (p.52-53)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) E este desenraizamento duma pátria até ali harmónica e amada, este arrancamento a uma forma de vida que já não era sua nem à sua medida, esta vida de viajante que se despede em nome de um chamamento, pontuada de momentos de suprema alegria e confiança irradiante em si próprio, tudo isso se tornou para ele, por fim, um grande tormento, um peso e um sofrimento quase intoleráveis, pois tudo o abandonava, sem que tivesse a certeza de que era ele quem abandonava tudo, nem que este desfalecimento e este afastamento progressivos daquele mundo que lhe era familiar e querido se deviam ao seu erro, à sua ambição, às suas pretensões, ao seu orgulho, a uma falha de fidelidade e de amor. Das dores que acompanham uma vocação verdadeira, estas são as mais amargas. Quem recebe o apelo da vocação, não recebe apenas uma dádiva e um comando, mas também uma espécie de culpa, (...)"

2014-11-14

Por Este Rio Acima

Fausto
Por Este Rio Acima (1982)

Para terminar a semana, ou para ouvir durante o fim de semana, um grande disco de música portuguesa (era um duplo LP), em tamanho e valor musical.

01: É o mar que nos chama; 02: O barco vai de saída; 03: Porque não me vês; 04: A guerra é a guerra; 05: De um miserável naufrágio que passámos; 06: Como um sonho acordado; 07: A ilha; 08: A voar por cima das águas; 09: Olha o fado; 10: Por este rio acima; 11: O cortejo dos penitentes; 12: O romance de Diogo Soares; 13: Navegar, navegar!; 14: O que a vida me deu; 15: Lembra-me um sonho lindo; 16: Quando às vezes ponho diante dos olhos

O Jogo das Contas de Vidro (p.49)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) O coração do rapazinho palpitava de veneração, de amor pelo Mestre, e o seu ouvido registava a fuga, parecia-lhe que ouvia música pela primeira vez; adivinhava, por detrás da obra musical que nascia à sua frente, o espírito, a feliz harmonia da lei com a liberdade, da submissão com a autoridade; rendeu-se e apaixonou-se por aquele espírito e aquele Mestre, viu-se a si próprio e à sua vida e o mundo inteiro naquele minuto, guiados, ordenados e significados pelo espírito da música, e, quando a execução chegou ao fim, viu o Mestre venerado, o Mestre mágico, o Mestre rei ficar ainda alguns instantes levemente iluminado por uma luz interior, e não soube se devia jubilar com a felicidade daqueles momentos ou se chorar por vê-los terminados. (...) - De nenhuma outra maneira podem duas pessoas tornar-se amigas mais facilmente do que a fazer música. É uma coisa bonita fazer música. (...)"

2014-11-13

O Jogo das Contas de Vidro (p.43)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) Evidentemente não conhecemos o que nos está escondido e não desejaríamos esquecer-nos de que escrever História, mesmo quando feito de cabeça fria e com a melhor predisposição à objectividade, é sempre literatura o que se faz e que a terceira dimensão da literatura é a ficção. (...)"

Suite para Violoncelo N.º 2 em Re menor BWV 1008

Johann Sebastian Bach
interpretado por Mstislav Rostropovich
Suite para Violoncelo N.º 2 em Re menor BWV 1008 (1717-23)

A segunda das seis suites para violoncelo compostas por Johann Sebastian Bach, das quais já aqui passei a n.º 1.
Lembro-me vagamente de ter comprado este CD por recomendação lida na revista do Público por este ser considerado um dos melhores intérpretes destas peças para violoncelo, que eu teria ouvido na Antena 2, e que desde logo me teriam encantado.
Tenha sido assim, ou não, aqui fica a sugestão.

01: Prelude; 02: Allemande; 03: Courante; 04: Sarabande; 05: Minuets; 06: Gigue

2014-11-12

O Jogo das Contas de Vidro (p.39)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) A atitude humana expressa pela música é sempre a mesma, baseia-se sempre no mesmo tipo de conhecimento da vida e luta pelo mesmo género de domínio sobre o acaso. O gesto da música clássica significa: conhecimento da tragédia da Humanidade, afirmação do destino humano, coragem, serenidade! Quer seja a graça dum minuete de Haendel ou de Couperin, quer a sensualidade sublimada num gesto de ternura como muitos italianos ou em Mozart, quer a calma e serena aceitação da morte como em Bach, está sempre ali uma resistência, uma coragem de morte, uma fidalguia, um coro de risos sobre-humanos, uma alegria imortal. (...)"

Magnetic Fields


Jean Michel Jarre
Les Chants Magnétiques (1981)

Se o título original jogava com as expressões Campos Magnéticos e Cantos Magnéticos, duplo sentido que se perde na tradução, já a música é universal e não está dependente de línguas ou geografias.
Este é outro daqueles discos que me transportam no tempo, na companhia dos meus irmãos, para a altura dos LPs e das cassetes...
E é a sugestão musical para hoje.

01: Magnetic Fields Part 1; 02: Magnetic Fields Part 2; 03: Magnetic Fields Part 3; 04: Magnetic Fields Part 4; 05: Magnetic Fields Part 5 (The Last Rumba)

2014-11-11

O Jogo das Contas de Vidro (p.21)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) A vitória pesa mais do que as incontáveis vítimas? A ordem actual da nossa vida espiritual é bastante perfeita e durará o suficiente para que todos os sofrimentos, convulsões e monstruosidades, desde os processos e as fogueiras por heresia até ao destino de muitos «génios» que acabaram na loucura ou no suicídio, nos apareçam como um sacrifício cheio de sentido? Tal não nos é permitido perguntar. (...)"

The Prince of Egypt - Banda Sonora

Stephen Schwartz / Hans Zimmer e Diane Warren
The Prince of Egypt (1998)

Esta banda sonora de um desenho animado, que é hoje a minha sugestão, vem a propósito de a minha filha mais velha ter pegado numa das musicas - a primeira, se não estou em erro - para aprender a tocar e cantar, por sua iniciativa.
É outra das composições de Hans Zimmer, aqui em colaboração com outros compositores para as canções (01, 02, 05, 07, 09, 12, 14 e 16 a 19), todas estas interpretadas por diferentes vozes, mais ou menos conhecidas, algumas delas pelos próprios actores.

01: The Prince of Egypt (When You Believe) (interpretada por Mariah Carey e Whitney Houston); 02: Deliver Us (interpretada por Ofra Haza e Eden Riegel); 03: The Reprimand; 04: Following Tzipporah; 05: All I Ever Wanted (With Queen's Reprise) (interpretada por Amick Byram e Linda Dee Shayne); 06: Goodbye Brother (interpretada por Ofra Haza); 07: Through Heaven's Eyes (interpretada por Brian Stokes Mitchell); 08: The Burning Bush; 09: Playing with the Big Boys (interpretada por Steve Martin e Martin Short); 10: Cry (interpretada por Ofra Haza); 11: Rally; 12: The Plagues (interpretada por Ralph Fiennes e Amick Byram); 13: Death of the First Born; 14: When You Believe (interpretada por Michelle Pfeiffer e Sally Dworsky); 15: Red Sea; 16: Through Heaven's Eyes (interpretada por K-Ci & JoJo); 17: River Lullaby (interpretada por Amy Grant); 18: Humanity (interpretada por Jessica Andrews, Clint Black, Shirley Caesar, Jesse Campbell, Beth Nielsen Chapman e Boyz II Men); 19: I Will Get There (interpretada por Boyz II Men)

2014-11-10

The Golden Age of Wireless

Thomas Dolby
The Golden Age of Wireless (1982)

No outro dia comentei com o meu irmão mais velho que ainda não tinha aqui posto nada do Thomas Dolby, supondo eu que era o que estávamos a ouvir no autorádio... (nada a ver, eram os Human League!)
Este fim-de-semana, depois de uma longa espera cheia de atribulações, vieram finalmente instalar-me a internet por fibra (com o restante pacote de não sei quantos canais de tv, jogos e telefone, incluindo o telemóvel), com a difusão doméstica por wireless.
Que melhor pretexto para sugerir este disco? (não seria a este wireless que ele se referiria em 1982, mas serve na mesma...)

01: She Blinded Me With Science; 02: Radio Silence; 03: Airwaves; 04: Flying North; 05: Weightless; 06: Europa and the Pirate Twins; 07: Windpower; 08: Commercial Breakup; 09: One Of Our Submarines; 10: Cloudburst at Shingle Street

Palmeiras Bravas ! Rio Velho (p.290-291)

William Faulkner
Wild Palms * The Old Man (1939)
(trad. Jorge de Sena e Ana Maria Chaves)


"(...) Podia, não. Hei-de. Quero. De modo que é afinal a velha carne, não importa quão velha. Porque, se a memória existe fora da carne, não será memória, porque não saberá o que lembra, de modo que, quando ela se tornou nada, então metade da memória tornou-se nada, e, se eu me tornar nada, então todo o recordar deixará de ser. - É... pensou ele, entre a dor e o nada, eu escolho a dor."

2014-11-09

Palmeiras Bravas | Rio Velho (p.258)

William Faulkner
Wild Palms * The Old Man (1939)
(trad. Jorge de Sena e Ana Maria Chaves)


"(...) - Pensei que você era o amante, era o que ele queria dizer. Pensei que você fosse o que, porque o que estava a pensar era: Isto é demais! Há normas! Limites! Para a fornicação, o adultério, o aborto, o crime, e o que ele queria dizer era Para esse limite de amor e paixão e tragédia que é permitido a qualquer, a menos que se torne Deus Que sofreu assim tudo o que Satã era capaz de ter conhecido. (...)"

2014-11-08

Palmeiras Bravas | Rio Velho (p.254)

William Faulkner
Wild Palms * The Old Man (1939)
(trad. Jorge de Sena e Ana Maria Chaves)


"(...) era algo de demasiado profundo, enraízado, nunca até aí precisara de o formular em palavras, recorrendo às gerações e gerações que o haviam precedido - o seu respeito sisudo e cioso de provinciano, não pela verdade, mas pelo poder, pela força da mentira - não para ser parcimonioso na mentira, mas para dela se servir com respeito, zelo até, com delicadeza, força e rapidez, como lâmina maleável e mortal. (...)"

2014-11-07

Deixa-me Entrar

Joana Afonso
Deixa-me Entrar (2014)

Antes de mais, facto pouco comum, uma banda desenhada escrita e desenhada por uma mulher, Joana Afonso, que se vem revelando de há dois anos para cá como uma autora de mérito no panorama português.
Esta é a sua primeira obra a solo. A história de um homem de meia idade, perseguido pelas suas memórias e fantasmas do passado, que encontra na sua senhoria alguém que vai perturbar o seu ciclo vicioso de solidão.
Desenhos com um grafismo com identidade servidos por cores que muito ajudam a caracterizar os ambientes físico e psicológico da história, que avança a ritmo lento e que poderia ser mais rica ao nível da caracterização da personagem feminina (curiosamente...).

Foi uma das minhas aquisições na visita que fiz ao Amadora BD deste ano, e onde tive a oportunidade de ver o meu exemplar do livro ser autografado pela autora com um pequeno desenho.

Verdes Anos


Carlos Paredes
Verdes Anos (1962)

Um dos melhores intérpretes e compositores de guitarra portuguesa.
Aqui com uma música composta para a banda sonora do filme com o mesmo nome.
E uma interpretação da mesma música pelo quarteto de cordas Kronos Quartet.

Carlos Paredes;
02: Kronos Quartet (2000, Caravan)

Palmeiras Bravas | Rio Velho (p.241)

William Faulkner
Wild Palms * The Old Man (1939)
(trad. Jorge de Sena e Ana Maria Chaves)


"(...) como duas pessoas que não podiam falar uma com a outra tinham conseguido fazer um acordo que não só ambas compreendiam, mas que cada uma sabia que seria respeitado e defendido pela outra (talvez por isso mesmo) melhor do que qualquer contrato assinado, com testemunhas e tudo. (...)"

2014-11-06

Palmeiras Bravas | Rio Velho (p.227)

William Faulkner
Wild Palms * The Old Man (1939)
(trad. Jorge de Sena e Ana Maria Chaves)


"(...) como homem de rija têmpera que era, não lhes faria perguntas, pois de acordo com a educação provinciana que tinha recebido pedir uma informação era o mesmo que pedir um favor e a estranhos não se pedem favores; se se oferecerem para os fazer, talvez seja de aceitar, não sem expressarmos a seguir toda a nossa gratidão de forma fastidiosamente repetitiva; mas pedir, isso nunca. (...)"

Angoulême 2015

Bill Watterson
Cartaz para o 42.º Festival Internacional de la Bande Dessinée (2014)

Foi revelado nesta quarta-feira o cartaz da edição 2015 do Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême e a novidade é que foi desenhado pelo criador de Calvin & Hobbes. Bill Waterson, porém, já fez saber que não viajará até França, apesar de no início do ano ter conquistado o Grande Prémio do festival..

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