2014-11-14

O Jogo das Contas de Vidro (p.49)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...) O coração do rapazinho palpitava de veneração, de amor pelo Mestre, e o seu ouvido registava a fuga, parecia-lhe que ouvia música pela primeira vez; adivinhava, por detrás da obra musical que nascia à sua frente, o espírito, a feliz harmonia da lei com a liberdade, da submissão com a autoridade; rendeu-se e apaixonou-se por aquele espírito e aquele Mestre, viu-se a si próprio e à sua vida e o mundo inteiro naquele minuto, guiados, ordenados e significados pelo espírito da música, e, quando a execução chegou ao fim, viu o Mestre venerado, o Mestre mágico, o Mestre rei ficar ainda alguns instantes levemente iluminado por uma luz interior, e não soube se devia jubilar com a felicidade daqueles momentos ou se chorar por vê-los terminados. (...) - De nenhuma outra maneira podem duas pessoas tornar-se amigas mais facilmente do que a fazer música. É uma coisa bonita fazer música. (...)"

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