Hermann Hesse Das Glasperlenspiel (1943) (trad. Carlos Leite)
"(...) Sentou-se e tocou delicadamente, muito baixo, uma frase daquela sonata de Purcell que era uma das peças favoritas de Frei Jakobus. Como gotas de luz dourada, os sons filtravam-se no silêncio, tão baixo que ainda se ouvia cantar nos seus intervalos a velha fonte do pátio. Ternas e severas, austeras e doces, as vozes desta música grácil encontravam-se e cruzavam-se; dançavam, corajosas e serenas, na sua ronda íntima através do nada do tempo e da precaridade; efémeras, davam ao espaço e a esta hora nocturna a amplidão e a grandeza do universo e, quando Josef se despediu do seu convidado, o rosto deste estava mudado: tinha-se iluminado e ao mesmo tempo havia lágrimas nos seus olhos."
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2014-12-04
O Jogo das Contas de Vidro (p.255)
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