Hermann Hesse Das Glasperlenspiel (1943) (trad. Carlos Leite)
"(...) A sua casa era bela, respirava riqueza e sibaritismo; o mobiliário de cada sala era função das dimensões desta, em cada uma reinava uma agradável harmonia em duas ou três cores, pontuada aqui e ali por uma obra de arte valiosa. Knecht deixou errar o seu olhar com satisfação, mas esse prazer dos olhos pareceu-lhe, no fim, um nada belo de mais, perfeito de mais, bem calculado de mais; faltava ali um devir, uma história, uma renovação, e sentia que a própria beleza das salas e dos objectos revestia o sentido dum exorcismo, dum gesto de defesa, e que aquelas salas, aqueles quadros, aqueles vasos e aquelas flores enquadravam e acompanhavam uma vida que aspirava à harmonia e à beleza, sem precisamente conseguir lá chegar a não ser através do cuidado com a decoração."
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2014-12-05
O Jogo das Contas de Vidro (p.264)
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