2014-12-16

O Jogo das Contas de Vidro (p.352)

Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel (1943)
(trad. Carlos Leite)


"(...)
E cada livro em que me pegava mo confirmava:
Estava na Biblioteca do Paraíso;
Para todas as perguntas que sempre me atormentaram,
Para todas as sedes de saber que sempre me queimaram,
Estava aqui a resposta e para toda a fome
Guardado aqui o pão do espírito. Pois qualquer
Que fosse o volume a que lançasse um olhar rápido,
Todos tinham títulos cheios de promessas;
Todas as necessidades eram aqui contempladas,
Para serem abertos estavam aqui todos os frutos
Que jamais um aluno, temente, imaginou,
A que jamais um Mestre, ousando, estendeu a mão.
Estava aqui o sentido mais íntimo e mais puro;
Todas as sabedorias, poesias, ciências,
Estava aqui a força mágica de todas as interrogações,
A chave e o vocabulário, estava aqui a mais fina
Essência do espírito, aqui em inauditos
E secretos livros magistrais conservada.
As chaves penetravam toda a espécie
De perguntas e segredos e pertenciam àquele
A quem a graça da hora mágica as oferecia."

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