2014-04-01

Por Quem os Sinos Dobram (p.155)

Ernest Hemingway
For Whom the Bell Tolls
(1940)
(trad. Monteiro Lobato)


"(...) e na sua mão sentia a mão robusta e firme da rapariga e os dedos entrelaçados. Daquele contacto, da palma daquela mão que se apoiava contra a sua, dos dedos entrelaçados e do pulso que tocava no seu, qualquer coisa vinha, desta mão, destes dedos e deste pulso, para si, qualquer coisa tão fresca como a frescura das brisas leves que perpassam sobre o espelho de um mar calmo, da leveza de uma pluma que roça pelo lábio, da delicadeza de uma folha que cai no ar parado; uma leve impressão, tão leve que só a sentia pela ponta dos dedos, mas tão exaltante, crescendo de tal maneira e tornando-se tão insistente, tão premente e tão urgente pela rude pressão dos seus dedos, das palmas das mãos e dos pulsos encostados um ao outro que o rapaz julgou sentir o apelo de uma corrente que lhe subia pelo braço e lhe tomava o corpo inteiro como um pungente desejo. O sol brilhava nos cabelos da rapariga, dourados como o trigo, e acendia o amorenado do seu rosto, liso e delicioso e a curva da garganta; Jordan então inclinou-lhe a cabeça para trás e beijou-a. Sentiu-a estremecer inteiramente tendo-a apertada contra si e sentia-lhe os seios através das duas blusas de caqui, sentia-os pequeninos e firmes, inclinou-se para desabotoar a camisa e beijá-los. Ela continuava de pé, fremente, a cabeça caída para trás, amparada pelo braço que a rodeava. Baixou depois a cabeça para beijar os cabelos de Robert Jordan e depois ele sentia Maria pegar-lhe na cabeça com as mãos para a esfregar a dela. Ele ergueu-se para a enlaçar com os dois braços, com tanta força que a levantou do chão; sentia-a estremecer e ela beijou-o no pescoço e o rapaz estendeu-a por terra (...)"

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