For Whom the Bell Tolls (1940)
(trad. Monteiro Lobato)
"- Não fales. Não fales.
Enquanto o ponteiro, que deixara de olhar, deslizava no mostrador, sabendo que nunca poderia acontecer nada a um que não acontecesse também ao outro, e que não poderia acontecer mais do que isto; que isto era tudo e sempre: o passado, o presente, esse futuro desconhecido! O que nunca mais voltariam a ter, tinham-no agora. Tinham-no no presente e no passado e para sempre e agora, e agora e agora! Agora, agora mesmo, este presente, o único presente, e o presente é o teu profeta! O presente é para sempre o presente. Vem agora, presente, porque não há outro presente que este de agora. Oh, agora, agora, peço-te, agora, nada mais que este presente. E onde estás tu, e onde estou eu, e onde está o outro... mas nunca o porquê, nada mais que este presente, agora e para sempre, peço-te, sempre presente, sempre presente, agora e sempre um presente; um único, um único, não há outro, não há outro presente; um único presente que passa, agora, que sobe agora, que flutua agora, que passa agora, que rola agora, que se evola agora, e partiu agora, está ao longe agora, muito longe agora; um mais um igual a um, igual a um, igual a um, um ainda, um sempre... igual a um apaziguadoramente, igual a um docemente, igual a um com desejo, igual a um com bondade, igual a um com felicidade, igual a um com ternura, igual a um para amar, igual a um na terra, agora, os cotovelos fincados nestes galhos de pinheiro cortados, orvalhados, na obscuridade e no cheiro da resina; na terra definitivamente, agora, e na madrugada do dia a vir. Depois ele disse, porque o resto se passava na sua cabeça e não tinha falado:
- Oh Maria, amo-te e agradeço-te.
- Não fales. É melhor não falarmos - respondeu Maria."
Enquanto o ponteiro, que deixara de olhar, deslizava no mostrador, sabendo que nunca poderia acontecer nada a um que não acontecesse também ao outro, e que não poderia acontecer mais do que isto; que isto era tudo e sempre: o passado, o presente, esse futuro desconhecido! O que nunca mais voltariam a ter, tinham-no agora. Tinham-no no presente e no passado e para sempre e agora, e agora e agora! Agora, agora mesmo, este presente, o único presente, e o presente é o teu profeta! O presente é para sempre o presente. Vem agora, presente, porque não há outro presente que este de agora. Oh, agora, agora, peço-te, agora, nada mais que este presente. E onde estás tu, e onde estou eu, e onde está o outro... mas nunca o porquê, nada mais que este presente, agora e para sempre, peço-te, sempre presente, sempre presente, agora e sempre um presente; um único, um único, não há outro, não há outro presente; um único presente que passa, agora, que sobe agora, que flutua agora, que passa agora, que rola agora, que se evola agora, e partiu agora, está ao longe agora, muito longe agora; um mais um igual a um, igual a um, igual a um, um ainda, um sempre... igual a um apaziguadoramente, igual a um docemente, igual a um com desejo, igual a um com bondade, igual a um com felicidade, igual a um com ternura, igual a um para amar, igual a um na terra, agora, os cotovelos fincados nestes galhos de pinheiro cortados, orvalhados, na obscuridade e no cheiro da resina; na terra definitivamente, agora, e na madrugada do dia a vir. Depois ele disse, porque o resto se passava na sua cabeça e não tinha falado:
- Oh Maria, amo-te e agradeço-te.
- Não fales. É melhor não falarmos - respondeu Maria."
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