2014-04-02

Por Quem os Sinos Dobram (p.156)

Ernest Hemingway
For Whom the Bell Tolls
(1940)
(trad. Monteiro Lobato)


"(...) Para ela só havia vermelho, laranja, e ouro vermelho do sol sobre os seus olhos fechados, e tudo era da mesma cor, tudo, a plenitude, a posse, a alegria, tudo era da mesma cor, tudo brilhava no mesmo tom. Para ele foi um caminho sombrio que não levava a nada, sempre a nada, ainda e sempre a nada, e outra vez a nada, sem fim, nunca a nada. Apoiado sobre os cotovelos para nada, caminho sombrio e sem fim, suspenso todo o tempo sobre um nada sem solução, esta vez e outra vez ainda, sempre para nada, entretanto, ah! não poder renascer outra vez para nada e entretanto, para além de tudo o que se pode suportar, mais alto, mais alto, mais alto e para nada. De súbito, deslumbramento, beatitude, tudo o que era sombrio e negativo desapareceu, o tempo absolutamente imóvel; estavam os dois juntos, o tempo suspenso e sentia a terra estremecer e esvair-se sob os seus corpos."

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