2015-01-21

Um, Ninguém e Cem Mil (p.23)

Luigi Pirandello
Uno, Nessuno e Centomila (1926)
(trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo)


"Não me deu mais tréguas a ideia de que os outros viam em mim alguém que não era eu tal qual me conhecia; alguém que eles apenas podiam conhecer olhando-me de fora com olhos que não eram os meus e me davam um aspecto que me seria sempre estranho, estando embora em mim, sendo até para eles, o meu (um «meu», portanto, que não era para mim!); uma vida na qual, embora sendo para eles a minha, eu não podia penetrar.
Como suportar esse estranho dentro de mim? Esse estranho que era eu próprio para mim? Como não o ver? Como não o reconhecer? Como ficar para sempre condenado a trazê-lo comigo, em mim, à vista dos outros e fora da minha vista?"

Sem comentários: