2015-01-22

Um, Ninguém e Cem Mil (p.31)

Luigi Pirandello
Uno, Nessuno e Centomila (1926)
(trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo)


"(...) Será porventura a consciência algo de absoluto que possa bastar-se a si própria? Se estivéssemos sós, talvez fosse. Mas, nesse caso, meus senhores, não haveria consciência. Infelizmente existo eu e existem vocês. Infelizmente.
E que significa, então, dizerem que têm a vossa consciência e que isso vos basta? Significa que os outros podem pensar de vocês e julgar-vos como lhes aprouver, isto é, injustamente, porque entretanto vocês estão tranquilos e confortados por não terem procedido mal?
Oh, por favor, e se não são os outros que vos dão essa segurança, esse conforto, quem vo-lo dá?
Vocês mesmos? Como?
Ah, eu sei como: acreditando obstinadamente que, se os outros estivessem no vosso lugar e lhes acontecesse o mesmo que a vocês, todos teriam procedido da mesma forma, nem mais nem menos."

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