2014-05-01

As Aventuras de Tom Sawyer (p.116)

Mark Twain
The Adventures of Tom Sawyer (1876)
(trad. Maria João Freire de Andrade)


"(...) animava-se sempre que um avental surgia no seu campo de visão, e assim que via que a dona do avental não era a certa detestava-a de imediato. Por fim, os aventais deixaram de aparecer e Tom sentiu-se verdadeiramente triste. Entrou na sala de aula vazia e sentou-se a sofrer. Depois um último avental passou pelo portão e o coração de Tom deu um grande salto. No instante seguinte estava no recreio a «portar-se» como um índio; gritava, ria, perseguia rapazes, saltava por cima da vedação colocando em risco os seus membros, atirava fisgadas, fazia o pino - fazia todas as coisas heróicas de que se conseguia lembrar e durante todo esse tempo lançava olhares furtivos na direcção de Becky Thatcher para ver se ela estava a reparar. Mas ela parecia inconsciente de tudo aquilo e nem uma vez o olhou. Poderia ela não perceber que ele estava ali? Levou as suas brincadeiras até muito perto dela. Começou a soltar gritos de guerra, roubou o boné a um rapaz, atirou-o para cima do telhado da escola, atravessou a correr um grupo de rapazes, a atirar-se em todas as direcções e acabou por cair ao comprido mesmo em frente do nariz de Becky, quase a empurrando. Ela depois virou-se de nariz no ar, e ele ouviu-a dizer:
- Algumas pessoas pensam que são muito engraçadinhas... sempre a exibirem-se!
Tom sentiu-se corar. levantou-se e afastou-se dali, triste e desanimado."

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