Mark Twain The Adventures of Tom Sawyer (1876) (trad. Maria João Freire de Andrade)
"- Rebecca Thatcher? - (Tom olhou para o rosto de Becky. Estava branco de medo.) - Rasgaste... não baixes os olhos, olha bem para mim - (As mãos de Becky erguiam-se como se numa prece.) -, foste tu que rasgaste este livro? Um pensamento repentino atravessou o cérebro de Tom. levantou-se de um salto e gritou: - Fui eu. Toda a aula o olhou perplexa perante uma loucura tão incrível. Tom continuou em pé durante mais alguns instantes para reunir as suas faculdades desnorteadas: e quando avançou um passo para se dirigir ao seu castigo, a surpresa, a gratidão, a adoração que viu brilhar nos olhos de Becky foram recompensa suficiente para uma centena de açoites. Inspirado pelo esplendor do que acabara de fazer, aguentou sem um único lamento o maior dos açoites que Mr. Dobbins tinha alguma vez administrado; e também recebeu com a maior das indiferenças a crueldade acrescentada de ter de ficar mais duas horas na escola depois de as lições acabarem - pois sabia quem esperaria por ele até o seu cativeiro estar terminado, e não iria considerar aquele período de tempo como algo de entediante. Nessa noite, Tom (...) acabou por adormecer com as últimas palavras que Becky lhe dissera ainda a demorarem-se nos seus ouvidos. - Tom, como conseguiste ser tão nobre?" |
2014-05-04
As Aventuras de Tom Sawyer (p.182)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário