2014-08-14

A Montanha Mágica (p.209)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"(...) o contacto prematuro e repetido com a morte produz uma disposição fundamental da alma que nos torna mais sensíveis e melindrosos à dureza, à trivialidade da vida quotidiana, ou digamos: ao seu cinismo."

"(...) a única maneira sadia e nobre, aliás, desejo acrescentar expressamente, a única maneira religiosa de encarar a morte é compreendê-la e senti-la como uma parte, como um complemento, como uma condição sagrada da vida, em vez de - o que seria o contrário do sentimento da saúde, da nobreza, da razão e do sentimento religioso - a separar da vida, espiritualmente, de a pôr em oposição a ela e de a usar como argumento contra ela. (...) A morte é venerável como berço da vida, como regaço da renovação. Mas, separada da vida, torna-se um fantasma, um papão, e coisa pior ainda. Pois a morte como potência espiritual independente é uma potência sumamente devassa, cujo atractivo perverso é, sem dúvida, muito forte, e no entanto seria, também sem a mínima dúvida, a mais horrorosa aberração do espírito humano querer simpatizar com ela."

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