Ana Moura do álbum Desfado (2012)
Com letra de Pedro da Silva Martins (dos Deolinda), um fado que cultiva o paradoxo, na letra e na forma.
Quer o destino que eu não creia no destino E o meu fado é nem ter fado nenhum Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido Senti-lo como ninguém, mas não ter sentido algum Ai que tristeza, esta minha alegria Ai que alegria, esta tão grande tristeza Esperar que um dia eu não espere mais um dia Por aquele que nunca vem e que aqui esteve presente Ai que saudade Que eu tenho de ter saudade Saudades de ter alguém Que aqui está e não existe Sentir-me triste Só por me sentir tão bem E alegre sentir-me bem Só por eu andar tão triste Ai se eu pudesse não cantar "ai se eu pudesse" E lamentasse não ter mais nenhum lamento Talvez ouvisse no silêncio que fizesse Uma voz que fosse minha cantar alguém cá dentro Ai que desgraça esta sorte que me assiste Ai mas que sorte eu viver tão desgraçada Na incerteza que nada mais certo existe Além da grande incerteza de não estar certa de nada
01: Desfado
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2014-08-15
Desfado
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