2014-08-26

A Montanha Mágica (p.285-286)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"Que era a vida? Não se sabia. Ela tinha consciência de si mesma, indubitàvelmente, desde que era vida, mas ignorava o que era. Era incontestável que a consciência, como sensibilidade despertava até certo ponto ainda nas fases inferiores, menos adiantadas, da vida; não era possível fixar em determinado ponto da sua vida colectiva ou individual a primeira aparição de fenómenos conscientes, e, por exemplo, fazer depender a consciência, da existência de um sistema nervoso, e muito menos de um cérebro e no entanto ninguém se atrevia a negar-lhes que possuíssem reflexos. (...) A consciência de si era, pois, muito simplesmente uma função da matéria organizada, e num grau mais elevado esta função dirigia-se contra o seu próprio portador, convertia-se na tendência para pesquisar e explicar o fenómeno; tornava-se uma tendência que a tinha suscitado uma tendência cheia de promessas e de desespero da vida para se conhecer a si própria, auto-investigação da natureza, investigação vã em última análise, visto a natureza não se poder resolver em conhecimento, dado que a vida não pode surpreender a última palavra de si mesma."

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