Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Noites e noites a fio repudiei a ideia de que Deus não passa, lá no Alto, de um tirano ou de um monarca incapaz, e que o ateu, ao negá-lo, é o único homem que não blasfema... Veio-me, depois, uma iluminação; a doença é sempre uma abertura. E se nós nos iludíssemos, ao postularmos a Sua Omnipotência e ao encararmos os nossos males como o efeito da Sua Vontade? Se apenas de nós dependesse a chegada do Seu reino? Disse-vos eu há pouco que Deus delega; pois vou mais longe agora, Sebastião. Talvez Ele não passe, nas nossas mãos, de uma pequena chama que depende de nós alimentar e não deixar extinguir-se, talvez nós sejamos o mais avançado cabo que Lhe é dado atingir... (...)"
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2015-03-08
A Obra ao Negro (p.167)
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