Depois da
tentativa frustrada da véspera, não abandonei a ideia do programa em Sintra, mas tive de mudar de estratégia. Mas já não consegui convencer a mais velha a sair de casa, e a avó, conformada, resolveu ficar com ela. O plano seria cumprido a dois, eu e a mais nova...
E fazer uma nova abordagem, pode até ser uma oportunidade para enriquecer a experiência que se pretende viver e proporcionar. E se o principal problema foi o trânsito e o estacionamento, resolvi deixar o carro próximo de uma estação de comboios, e seguir nesse transporte até ao nosso destino, diversificando a nossa aventura.
Não foi tão fácil como eu pensava, mas lá conseguimos deixar o carro perto o suficiente de uma estação de comboios, depois da pequena ter feito alguns comentários espirituosos por andarmos às voltas, à procura...
O desafio seguinte foi comprar os bilhetes! As máquinas automáticas são (talvez) boas para quem já as conhece bem... no meu tempo era muito mais simples comprar um bilhete de ida-e-volta! Mas enfim, (com uma pequena ajuda) finalmente munidos dos nossos bilhetes lá fomos nós!
E a viagem de comboio foi uma aposta ganha! Primeiro porque em vez de dar atenção à estrada e ao trânsito, pude dedicar toda a minha atenção à minha filhota! E se ela nos prende a atenção... desde a brincadeira com uma pequena máquina fotográfica de plástico a fingir que tirava fotos a tudo, e que serviu para se meter com umas miúdas (espanholas?) que tinham roupa com motivos da
Violetta, até meter-se com uma mulher com tatuagens no braço que ela não parava de elogiar...
- É gira, não é, pai?
Chegados ao fim da linha, tínhamos agora uma pequena caminhada até ao nosso primeiro destino - que ainda dava tempo de visitar antes do almoço -, e durante a qual aproveitei para tirar umas
selfies (sim, também eu, agora que tenho um
telemóvel que até tem uma máquina só para essa finalidade...) com a pequena.
Essa nossa primeira paragem foi no Museu do Brinquedo, a poucos dias de encerrar definitivamente (no final desse mês). A minha pequena ia entusiasmada e as primeiras vitrinas, ainda no átrio, com conjuntos de bonecos da Playmobil, corresponderam às suas expectativas iniciais. Mas estas foram esmorecendo à medida que íamos subindo de piso para piso, como ela disse:
- São só brinquedos velhos e não podemos brincar com nenhuns...
Também me pareceu que o museu está concebido mais para os adultos do que para as crianças, o que até se depreende pela altura a que estão algumas das vitrinas - a um metro e meio de altura... Mas quando chegámos ao último piso, o "sótão das bonecas", ela voltou a delirar, com as bonecas e com os conjuntos de mobílias, e até disse:
- Ai! Eu quero estes! Não me importava de aqui ficar para sempre, até de ficar aqui fechada de castigo...
Só por isto, já valeu a pena a visita! Fui tirando uma quantidade de fotos, e à saída ainda passei pela loja, que estava em liquidação total, onde comprei o catálogo do museu... e a seguir fomos almoçar.
(Pizza, por escolha da pequena, mas afinal ela só queria era as azeitonas...)
Depois do almoço, nova caminhada até à Quinta da Regaleira, nossa segunda (e última) etapa da nossa visita a Sintra, onde nunca tinha ido, mas de que tinha excelentes recomendações, nomeadamente do meu mano mais novo, reforçadas no
jantar da véspera.
E quando lá chegámos, logo à primeira vista foi possível confirmar. Comecei logo a tirar fotografias, mas algo se estava a passar com a máquina, não estava a guardar as fotos... Entrámos, e aquilo lá dentro é um mundo, como se pode ver
neste mapa (em pdf), simplesmente fantástico.
Fomos deambulando à descoberta, sem recorrer muito ao mapa... E descobrimos a gruta do labirinto, onde puxei da lanterna que levei - alertado pelo meu irmão - e a dei à pequena... E se ela, no princípio, entrou a medo, depressa o seu entusiasmo se lhe sobrepôs. (Voltei a tentar tirar uma fotos, mas estas tentativas só bloqueavam o telemóvel, e deixei de tentar.)
Pelo labirinto dentro fomos descobrindo o lago, quedas de água, os poços iniciáticos - onde chegávamos pelo fundo - e as várias saídas e passagens escondidas do próprio labirinto. E o que ela estava a gostar de ir de lanterna à frente, à descoberta... e saímos e voltámos a entrar...
Quando fizemos uma pausa para lanchar, no jardim, voltei a dedicar alguma atenção ao telemóvel, para ver se percebia o que estava a bloqueá-lo, sem resultado... Lembrei-me, então, que se o desligasse e reiniciasse, o problema se resolveria. Dito e... nada feito! Bronco! Não é que me esqueci que para o voltar a ligar seria necessário introduzir o PIN, e não me lembrava qual era, e o cartão com o n.º estava em casa, a uma boa quantidade de quilómetros dali...
Resultado: fiquei sem telemóvel... e sem fotografias. (Na verdade, também não me lembrei que se tirasse o SIM do telemóvel, aquilo funcionaria "só" como máquina fotográfica, que foi o que acabei por fazer no dia seguinte...)
- Bom, tudo bem! O sítio é espectacular, a minha filha está animada, vamos mas é aproveitar o passeio e tentar não pensar mais neste acidente técnico!
Depois desta pausa, continuámos a nossa exploração daquele mundo; visitámos as torres e outras pequenas construções espalhadas pelo jardim, com a pequena a inventar histórias e personagens em cada uma; voltámos a entrar no labirinto com a pequena muito entusiasmada, de lanterna na mão, a dizer:
- Vamos seguir aquelas miúdas! (um grupo de francesas?)
E ela não queria sair de lá, mas lá a convenci a ir visitar a capela e, finalmente, a casa, sempre com novos recantos, espaços únicos e enquadramentos surpreendentes! Até que se fizeram horas de voltar para o pé da avó e da filha mais velha... embora a pequena ainda lá quisesse ficar mais tempo!
Sempre bem disposta, a inventar adivinhas e outras conversas, depressa se cumpriu a caminhada até à estação, onde apanhámos o comboio de regresso à estação de partida. Nova oportunidade para a filhota comer mais umas bolachinhas, e voltar a meter-se com uma turista (inglesa?) a quem ofereceu uma bolacha:
- Oh! How sweet! Thank you!
... e mais alguma conversa. E depois já na estação, quando viu uma outra senhora, com quem engraçou:
- Aquela senhora é gira, não é pai? (anui...)
- (respondeu a senhora) Oh, que bom que é ouvir isso, assim, ao fim de um dia de trabalho! Também és muito gira!
Depois, pegar no carro e regressar ao ponto de partida, onde encontramos a mais velha de volta do computador e a avó de volta do jantar.
Contámos as nossas aventuras, de como a pequena andou sempre bem disposta e não se cansou de andar a pé, do que vimos e de que tanto gostámos, e de como estamos convencidos de que se elas tivessem ido, também teriam gostado.
Ficam aqui apenas algumas fotografias do Museu do Brinquedo, porque do resto não há.
Clicar em cima das fotos para ver em maior.