Thomas Mann Der Zauberberg (1924) (trad. Herbert Caro)
"- Oh, l'amour, tu sais... Le corps, l'amour, la mort, ses trois ne font qu'un. Car le corps, c'est la maladie et la volupté, et c'est lui qui fait la mort, oui, ils sont charnels tous deux, l'amour et la mort, et violà leur terreur et grande magie! Mais la mort, tu comprends, c'est d'une part chose mal famée, impudente, qui fait rougir de honte; et d'autre part c'est une puissance très solennelle et très majestueuse,- beaucoup plus haute que la vie riante gagnant de la monnaie e farcissant sa panse - beaucoup plus vénérable que le progrès qui bavarde par les temps - parce qu'elle est l'histoire et la noblesse et la piété et l'éternel et le sacré qui nous fait tirer le chapeau et marcher sur la pointe des pieds... Or, de même, le corps, lui aussi, et l'amour du corps, sont une affaire indécente et fâcheuse, et le corps rougit et pâlit à sa surface par frayeur et honte de lui-même. Mais aussi il est une grande gloire adorable, image miraculeuse de la vie organique, sainte merveille de la forme et de la beauté, et l'amour pour lui, pour le corps humain, c'est de même un intérêt extrêmement humanitaire et une puissance plus éducative que toute la pédagogie du monde!... Oh, enchantante beauté organique qui ne se compose ni de teinture à l'huile ni de pierre, mais de matière vivante et corruptible, pleine du secret fébrile de la vie et de la pourriture! Regarde la symétrie merveilleuse de l'édifice humain, les épaules et les hanches et les mamelons fleurissants de part et d'autre sur la pòitrine, et les côtes arrangées par paires, et le nombril au milieu dans la molesse du ventre, et le sexe obscur entre les cuisses! Regarde les omoplates se remuer sous la peau soyeuse de dos, et l'echine qui descend vers la luxuriance double et fraiche des fesses, et les grandes branches des vases et des nerfs qui passent du tronc aux rameaux par les aisselles, et comme la structure des bras correspond à celle des jambes. Oh, les douces régions de la jointure intérieure du coude et du jarret avec leur abondance de délicatesses organiques sous leurs coussins de chair! Quelle fête immense de les caresser ces endoits délicieux du corps humain! Fête à mourir sans plainte après! Oui, mon dieu, laisse-moi sentir l'odeur de la peau de ta rotule, sous laquelle l'ingénieuse capsule articulaire sécrète son huile glissante! Laisse-moi toucher dévotement de ma bouche l'Arteria femoralis qui bat au front de la cuisse et qui se divise plus bas en les deux artères du tibia! Laisse-moi ressentir l'exhalation de tes pores et tâter ton duvet, image humaine d'eau et d'albumine, destinée pour l'anatomie du tombeau, et laisse-moi périr, mes lèvres aux tiennes! (1)."
(1) Oh, o amor, tu sabes... O corpo, o amor, a morte, os três são idênticos. Porque o corpo é a doença e a volúpia, ele é que causa a morte, sim, são ambos carnais, o amor e a morte, e aí reside o seu terror e o seu enorme sortilégio! Mas a morte, compreendes, é por um lado, coisa mal afamada, impudica, que faz corar de vergonha; e, por outro lado, é um poder muito solene e magestoso - muito mais digno do que a vida sorridente que ganha o seu dinheiro e vai enchendo a pança - muito mais venerável que o progresso que cavaqueia pelos tempos fora - porque ela é a história e a nobreza e a piedade e o eterno e o sagrado, que nos faz tirar o chapéu e caminhar em bicos de pés... Ora, do mesmo modo, o corpo, ele também, e o amor do corpo, são uma coisa indecente e vergonhosa, e o corpo cora e empalidece, exteriormente, com espanto e vergonha de si mesmo. Mas é também uma glória, grande e adorável, imagem miraculosa da vida orgânica, santa maravilha da forma e da beleza, e o amor por ele, pelo corpo humano, é, do mesmo modo, um interesse extremamente humanitário e um poder mais educativo do que toda a pedagogia do mundo!... Oh encantadora beleza orgânica que não é composta nem de pintura a óleo nem de pedra, mas de matéria viva e corruptível, cheia do segredo febril da vida e da corrupção! Olha a simetria maravilhosa do edifício humano, as espáduas e as ancas [e os mamilos florescendo de um lado e do outro do peito], e as costelas agrupadas aos pares, e o umbigo ao centro, na moleza do ventre, e o sexo obscuro entre as coxas! Olha o movimento das omoplatas sob a pele sedosa das costas, e a espinha que desce até à luxúria dupla e fresca das nádegas e as grandes ramificações dos vasos e dos nervos que passam do tronco para os membros pelos sovacos, e como a estrutura dos braços corresponde à das pernas. Oh as suaves regiões da articulação interior do cotovelo e da curva da perna, com a abundância de delicadezas orgânicas, sob a almofada de carne! Que imensa festa acariciá-los, esses lugares deliciosos do corpo humano! Poderia morrer-se depois sem um lamento! Sim, meu Deus, deixa-me sentir o odor da pele da tua rótula, sob a qual a engenhosa cápsula articular segrega o seu óleo escorregadio! Deixa-me tocar religiosamente com a boca a Arteria Femoralis que bate ao fundo da coxa e que mais abaixo se divide em duas artérias do tíbia! Deixa-me sentir-te a exalação dos poros e tatear o teu buço, imagem humana de água e albumina, destinada à anatomia do túmulo, deixa-me morrer, os meus lábios nos teus! |
2014-09-04
A Montanha Mágica (p.359-360)
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