2014-09-20

A Montanha Mágica (p.565)

Thomas Mann
Der Zauberberg (1924)
(trad. Herbert Caro)


"Pode narrar-se o tempo, o tempo em si mesmo, como tal e em si? Não, na verdade seria uma empresa louca. Uma narração onde se dissesse: «O tempo passava, fluía, o tempo seguia o seu curso», e assim por diante, nunca um homem de espírito são poderia considerá-la história. (...) O tempo é o elemento da narração, assim como é o elemento da vida: está-lhe inseparavelmente ligado, como aos corpos no espaço. O tempo é também o elemento da música, a qual mede e divide o tempo, tornando-o, simultâneamente, interessante e precioso, no que, como já foi dito, se assemelha à narração que, ela também (e de maneira muito diferente da presença imediata e brilhante da obra plástica, que só está ligada ao tempo como corpo), não é mais do que sucessão, é incapaz de apresentar-se senão como fluência, e tem necessidade de recorrer ao tempo ainda que tente ser inteiramente presente num dado momento."

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