Thomas Mann Der Zauberberg (1924) (trad. Herbert Caro)
"(...) A compaixão que uma pessoa sadia manifestava a um doente e levava até à forma de veneração, simplesmente por ser incapaz de imaginar como ela mesma suportaria tais sofrimentos - essa compaixão era muito exagerada, o doente não tinha direito a ela, surgia de um erro de raciocínio ou de imaginação, na mesma medida em que o homem são atribui ao doente a sua própria maneira de viver e imagina que o doente é, de certo modo, uma pessoa sadia, que tem de suportar os tormentos da enfermidade - o que é um redondo engano. O doente é justamente um doente, com a natureza particular e o modo de sentir modificado que a doença acarreta. Esta prepara a vítima com o fim de adaptá-la a si própria. Há diminuições de sensibilidade, desfalecimentos, narcoses providenciais, toda a espécie de subterfúgios e expedientes morais e espirituais, que o homem são, na sua ingenuidade, se esquece de ter em conta. (...)"
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2014-09-12
A Montanha Mágica (p.471-472)
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