Miguel de Cervantes Saavedra D. Quixote de la Mancha (1605) (trad. Aquilino Ribeiro)
"(...) Lá porque uma coisa se deu depressa, não tira nem põe. Ou, antes, põe, se é digna de apreço. Nunca ouviu dizer que dá duas vezes quem logo dá?
- Pois sim, mas também se diz que pouco se estima o que pouco custa. - Isso não é consigo - redarguiu Leonela. - O amor, segundo se reza, uma vezes voa, outras anda de burrinhas. Com este corre, com aquele vai a passo de lesma. A uns produz calafrios, a outros febre. Fere aqui de raspão, mata acolá. Rompe a rugir que nem uma fera e breve se extingue na saciedade. Pela manhã põe o cerco a uma praça, e à noite obriga-se a capitular, pois que à sua força não se resiste. Sendo assim, como é, nada tem que recear. (...)" |
2015-08-10
D. Quixote de la Mancha (vol.I, p.386-387)
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