Iouri Jigounov, Yves Sente e Bérengère Marquebreucq Le Message du Martyr (2014) (trad. Rui Freire)
Fugido dos seus captores, XIII volta a recordar-se de episódios completos da sua infância, de modo um pouco forçado, convenhamos...
Volta a juntar-se a Betty e Préseau, para voltarem a cair nas mãos de outro perseguidor, um pequeno mafioso, que acaba por os ajudar, e consegue, já na Europa, ter na sua posse o diário do seu antigo colega de escola... A história imaginada por Sente volta a parecer muito forçada (não tarda, XIII será o descendente directo de Maria Madalena...) e com recurso a muitos recitativos desligados da acção, e são os desenhos de Jigourov que voltam a salvar o conjunto, pelo pormenor que emprestam às cenas, embora sem vinhetas verdadeiramente espectaculares. |
2015-02-28
XIII: A Mensagem do Mártir
A Obra ao Negro (p.131)
Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Sebastião Théus era um nome falso, mas o seu direito ao nome Zenão não era dos mais claros. Non habet nomen propriem: era um daqueles que nunca deixam de se espantar pelo facto de terem nome, como espantoso é também passar-se frente a um espelho e verificar-se que se tem um rosto e que é exactamente esse e não outro. A sua existência era clandestina e submetida a várias coacções: sempre assim o tinha sido. Calava os pensamentos que lhe eram mais caros, mas desde longa data que se convencera de que é tolo todo aquele que se expõe por mor das suas ideias, quando é tão fácil deixar os outros servirem-se das goelas e da língua para fabricarem sons. (...)"
|
2015-02-27
Love Is an Open Door
Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez da banda sonora de Frozen (2013)
Hoje fui recebido pela minha mais pequena (em casa da mãe) com esta música, mas a porta (da rua) estava difícil de abrir ;-) .
Já é a terceira música desta banda sonora que aqui ( e aqui) publico. Mas, hoje, também porque é uma das músicas que as minhas filhas gostam de cantar em conjunto, como foi testemunhado pela mãe delas que partilhou uma gravação no seu Facebook.
04: Love Is an Open Door
|
A Obra ao Negro (p.130)
Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Enquanto comia, ela contemplava-o com aqueles seus olhos risonhos. Havia entre eles a intimidade de um segredo bem guardado."
|
2015-02-26
Full Moon and Empty Arms
Buddy Kaye e Ted Mossman Full Moon and Empty Arms (1945)
Uma canção dos anos quarenta baseada no Concerto para Piano n.º 2 em Dó Menor, Op. 18, de Sergei Rachmaninoff, interpretada de várias formas por vários artistas.
"Full moon and empty arms The moon is there for us to share But where are you? A night like this could weave a memory And every kiss could start a dream for two Full moon and empty arms Tonight, I'll use the magic moon To wish upon And next full moon If my one wish comes true My empty arms will be filled with you"
Frank Sinatra (1946, Full Moon And Empty Arms / You Are Too Beautiful);
Ray Noble & Orchestra (1946);
Erroll Garner Trio (1946);
Eddie Fisher (1952, Full Moon And Empty Arms / That Old Feeling);
Carmel Jones (1961, The Remarkable Carmel Jones);
Robert Goulet (1962, Always You);
Freddie Hubbard (1962, Here To Stay);
The Platters (1963, Sing Of Your Moonlight Memories);
Sarah Vaughan (1966, Sarah Slightly Classical);
Steve Kuhn Trio (2006, Pavane For A Dead Princess);
Bob Dylan (2015, Shadows In The Night)
Sergei Rachmaninoff interpreta o próprio Concerto para Piano N.º 2 em Dó Menor, Op. 18; 1. Moderato; 2. Adagio Sostenuto;3. Allegro Scherzando |
A Obra ao Negro (p.113-114)
Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Sabe vossa majestade, tão bem como eu, que o futuro está grávido de mais ocorrências do que aquelas que pode deitar ao mundo. E que nos não é de todo impossível sentir algumas delas mexerem-se no fundo da matriz do tempo. mas só o próprio acontecimento pode decidir qual dessas larvas é viável, qual delas chega ao termo. Nunca apregoei catástrofe ou feliz nova, parida antes do tempo."
|
2015-02-25
Wuthering Heights
Kate Bush single do álbum The Kick Inside (1978)
Single de estreia de Kate Bush, que já aqui esteve presente nestas sugestões musicais, e que entretanto aí deixou de estar disponível.
A sugestão inclui os dois videos oficiais bem como a música que saiu no lado B do single.
06 / A: Wuthering Heights (Vídeo oficial - versão 1); 04 / B: Kite
Wuthering Heights (Vídeo oficial - versão 2) |
A Obra ao Negro (p.112)
Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Erik, porém, era daqueles que preferem receber o seu destino do exterior, quer por orgulho, por lhe parecer belo que o próprio Céu se ocupasse com a sua sorte, quer por indolência, para não ter que responder pelo bem ou pelo mal que nele se albergasse. Acreditava nos astros, tal como, apesar da fé reformada que herdara de seu pai, orava aos santos e aos anjos. (...)"
|
2015-02-24
XIII: Regresso a Greenfalls
Iouri Jigounov, Yves Sente e Bérengère Marquebreucq Retour à Greenfalls (2013) (trad. Rui Freire)
E chegamos ao último álbum duplo da colecção dedicada à série XIII publicada em pareceria pela ASA com o Público, que foi o primeiro a sair, para coincidir com o lançamento internacional da mais recente aventura - a segunda deste livro.
Jones e Carrington continuam prisioneiros no Banichistan, como reféns para obrigar XIII a agir às ordens da Fundação Mayflower, começando por ser repatriado num caixão, juntamente com outros militares mortos em combate... Entretanto, Betty continua a seguir pistas relativas ao passado de Jason Mac Lane, sendo que o que descobre a leva a ser apanhada pelos mesmos que detêm XIII, e a juntar-se a ele... O argumento de Sente começa a parecer demasiado forçado, com a associação de Jason aos descendentes directos dos colonos do Mayflower, pelo que recai nos desenhos de Jigourov a responsabilidade de manter o leitor agarrado à história, o que vai conseguindo com o seu talento. |
A Obra ao Negro (p.105)
Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Poeta, desculpava-se da pobreza das rimas com os afazeres militares; capitão, explicava os seus erros tácticos pela poesia que lhe trabalhava no espírito; era, aliás, considerado, num e noutro ofício, que, juntos, não trazem fortuna a ninguém. (...)"
|
Home of the Brave - Banda Sonora
Laurie Anderson Home of the Brave (1986)
Já aqui passei o filme realizado a partir do espectáculo ocorrido no verão de 1985 no Park Theater, em Union City, New Jersey, pela própria Laurie Anderson.
Hoje sugiro o álbum, tido como banda sonora deste espectáculo, com parte das músicas daquele espectáculo, gravadas em estúdio. Para ouvir e comparar, se para isso houver tempo e vontade.
01: Smoke Rings;
02: White Lily;
03: Late Show;
04: Talk Normal;
05: Language Is A Virus;
06: Radar;
07: Sharkey's Night;
08: Credit Racket
|
2015-02-23
The Grand Budapest Hotel - Banda Sonora
Alexandre Desplat The Grand Budapest Hotel (Original Soundtrack) (2014)
Esta noite foi noite de Óscars, em Hollywood.
E esta foi a banda sonora premiada pela Academia como a melhor banda sonora original do ano, composta por Alexandre Desplat, autor, entre outras, das bandas sonoras dos dois últimos filmes de Harry Potter, baseados no último volume da colecção. Assim, comecei o dia a ouvi-la para a conhecer, e faço desta audição a minha sugestão. Na lista de premiados constam também Big Hero 6, na categoria de melhor Filme de Animação, e Feast na de Melhor Curta-Metragem de Animação.
01: s'Rothe-Zäuerli (Öse Schuppel);
02: The Alpine Sudetenwaltz;
03: Mr. Moustafa;
04: Overture: M. Gustave H;
05: A Prayer for Madame D;
06: The New Lobby Boy;
07: Concerto for Lute and Plucked Strings I. Moderato hest, Siegfried Behrend & DZO Chamber Orcra;
08: Daylight Express to Lutz;
09: Schloss Lutz Overture;
10: The Family Desgoffe und Taxis;
11: Last Will and Testament;
12: Up the Stairs/Down the Hall;
13: Night Train to Nebelsbad;
14: The Lutz Police Militia;
15: Check Point 19 Criminal Internment Camp Overture;
16: The Linden Tree, Osipov State Russian Folk Orchestra, Vitaly Gnutov;
17: J.G. Jopling, Private Inquiry Agent;
18: A Dash of Salt (Ludwig's Theme);
19: The Cold-Blooded Murder of Deputy Vilmos Kovacs;
20: Escape Concerto;
21: The War (Zero's Theme);
22: No Safe-House;
23: The Society of the Crossed Keys;
24: M. Ivan;
25: Lot 117;
26: Third Class Carriage;
27: Canto at Gabelmeister's Peak;
28: A Troops Barracks (Requiem for the Grand Budapest);
29: Cleared of All Charges;
30: The Mystical Union;
31: Kamarinskaya, Osipov State Russian Folk Orchestra, Vitaly Gnutov;
32: Traditional Arrangement: Moonshine
|
A Obra ao Negro (p.100)
Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Quando nossos pais pegaram, pela primeira vez, o fogo à mecha, julgou-se que essa tonitruante descoberta iria semear a confusão na arte bélica e abreviar os combates por falta de combatentes. mas tal não sucedeu, graças a Deus! Mata-se mais (e mesmo assim duvido) e os soldados manejam o arcabuz em vez da besta. Mas a velha coragem, a velha cobardia, a velha manha, a velha disciplina e a velha insubordinação continuam a ser as mesmas, do mesmo modo que a arte de avançar, de recuar ou de continuar no mesmo sítio, de meter medo ou de fingir não ter medo. Os nossos guerreiros ainda plagiam Aníbal e compulsam Vegécio. Continuamos como dantes a farejar a cauda dos mestres."
|
2015-02-22
XIII: O Isco
Iouri Jigounov, Yves Sente e Bérengère Marquebreucq L'Appât (2012) (trad. Rui Freire)
Enquanto os defuntos que caem no seu percurso, dos quais vai sendo incriminado, vão a enterrar, a coronel Jones está em missão no Afeganistão, onde cai numa armadilha e é feita prisioneira dos rebeldes do Banichistan, forma encontrada pela USafe Incorporated para fazer XIII sair do seu refúgio...
XIII parte para o Paquistão, para ir tentar libertar Jones, enquanto Betty segue para Boston para seguir a pista das flores de Maio - o Mayflower... O argumento de Sente avança com a sua trama, mantendo por revelar a identidade da líder da associação criminosa, e os desenhos de Jigourov revelam-se muito pormenorizados e realistas em pranchas dinâmicas e bem conseguidas, conferindo grande credibilidade à acção. |
A Obra ao Negro (p.99)
Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Já percorri grande parte desta bola onde vivemos; estudei o ponto de fusão dos metais e a germinação das plantas; observei os astros e examinei o interior dos corpos. Sou capaz de extrair, deste tição que aqui está, a noção de peso, e destas chamas a noção de calor. Sei que não sei aquilo que não sei; invejo aqueles que venham a saber mais, mas sei que, tal como eu, terão que medir, pesar, deduzir e desconfiar das deduções alcançadas, distinguir o que há de falso no verdadeiro e levar em conta a eterna mistura da verdade e da falsidade. Nunca me agarrei firmemente a uma ideia, por temer a confusão em que, sem ela, poderia vir a cair. Nunca temperei um facto verdadeiro com o molho da mentira, para me facilitar a digestão. Nunca deformei os pontos de vista do adversário para mais facilmente ter razão, (...). Ou talvez sim: surpreendi-me nesse acto, mas sempre me repreendi como se repreende um criado desonesto, confiando apenas na promessa que a mim mesmo fiz de vir a proceder melhor. Sonhei com os meus sonhos; não considero tudo isto mais do que sonhos. Abstive-me sempre de fazer da verdade um ídolo, preferindo designá-la pelo nome mais humilde de exactidão. Os triunfos e os perigos que acumulei não são aquilo que se pensa: existem outras glórias para além da glória e outras chamas para além das da fogueira. Consegui, praticamente, desafiar as palavras. Hei-de morrer um pouco menos estúpido do que nasci."
|
2015-02-21
XIII: O Dia do Mayflower
Iouri Jigounov e William Vance, Yves Sente e Bérengère Marquebreucq Le Jour du Mayflower (2011) (trad. Rui Freire)
Acompanhado por uma psiquiatra, XIII é submetido a uma estimulação cerebral experimental por um neurocirurgião, que lhe permite recordar um amigo de infância, que vai procurar encontrar...
Entretanto, uma empresa privada de segurança, a USafe Incorporated, está interessada em contratá-lo e não aceita a sua recusa como resposta... Quando se encontra com o seu antigo amigo já só tem tempo de lhe ouvir algumas recordações e as suas últimas palavras, e XIII vê-se novamente incriminado de actos que não praticou, e tem novamente de fugir e procurar abrigo junto dos seus amigos recentes... Argumento (ainda, pelo menos para mim...) um pouco confuso de Yves Sente, servido por desenhos muito realistas de Jigounov, com uma pequena sequência histórica desenhada em colaboração com William Vance. |
A Obra ao Negro (p.98)
Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) A filosofia não é o meu forte, mas às vezes penso que Platão tem razão, tal como o cónego Campanus a tem também. Deve existir algures o que quer que seja de mais perfeito do que nós próprios, um bem cuja presença nos confunde e cuja ausência nos é insuportável.
- Sempiterna Temptatio - considerou Zenão. - Penso para comigo, não raras vezes, que nada no mundo, salvo uma ordem eterna ou uma singular veleidade da matéria em construir algo que a ultrapasse, poderá explicar a razão por que, de dia para dia, me esforço por pensar com um pouco mais de clareza que no dia anterior." |
2015-02-20
Autobahn
Kraftwerk Autobahn (1974)
Nunca é demais sugerir esta...
É aqui que os Kraftwerk tomam a via que os caracterizará como um dos grupos fundamentais da história da música. Se as músicas do lado B (falando em termos de vinil...) ainda reflectem muito os trabalhos anteriores, a música que dá título ao álbum já revela o som que me faz gostar, e gostar, e gostar, destes "senhores". Vá, toca a acelerar...
01: Autobahn;
02: Kometenmelodie 1;
03: Kometenmelodie 2;
04: Mitternacht;
05: Morgenspaziergang
|
Editado em 2021.07.10: substituídos os vídeos ge-3GDkwf8g e PZq5aOTexmM pela lista de reprodução PLiN-7mukU_REccAkLJIH6IVWg85IofuuL
A Obra ao Negro (p.97)
Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Mas quando constato quão poucos são os que lêem a Ilíada de Homero, mais me agrada a minha condição de autor pouco lido. Fui amado por algumas damas; mas muito raramente por aquelas a quem sacrificaria a minha vida... (Porém, olhando bem para mim, que arrogância a minha em crer que as belas por quem suspiro suspirassem pela minha pele...) (...)"
|
2015-02-19
XIII: O Último Assalto
William Vance, Jean Van Hamme e Petra Le Dernier Round (2007) (trad. Rui Freire)
O desenlace desta aventura começa com mais um assassínio, perpetrado pela implacável Irina, do qual XIII e os seus amigos tomam conhecimento pela televisão no México, onde ainda se encontram, assim como da publicação de dois livros: um sobre a história de XIII e da conspiração que frustraram e outra sobre a vida de Kelly Brian, que são nada mais, nada menos que dois dos livros desta colecção, o L'Enquête, 13.º da série que permanece inédito em português, e o álbum que foi originalmente publicado em simultâneo com este, A Versão Irlandesa. É engraçado este pormenor da obra dentro da obra.
Depois segue-se um ataque ao seu esconderijo descoberto, mesmo quando se preparavam para regressar para depor na comissão de inquérito em Washington D.C., sobre o caso Sheridan. Mas tudo acaba por ser clarificado e XIII, agora definitivamente Jason Mac Lane, pode viver em paz no local onde tudo começou, ficando por resolver apenas uma coisa, a recuperação da sua memória... Aqui termina a trama urdida por Van Hamme com o atar de todas as pontas e todas as explicações, e a que os desenhos de Vance voltam a corresponder à altura. |
Subscrever:
Mensagens (Atom)