2015-02-05

Um, Nenhum e Cem Mil (p.157)

Luigi Pirandello
Uno, Nessuno e Centomila (1926)
(trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo)


"Nenhum nome. Nenhuma recordação, hoje, do nome de ontem; nenhuma recordação, amanhã, do nome de hoje. Se o nome é a coisa; se um nome é, dentro de nós, o conceito de tudo o que existe fora de nós; se sem nome não se possui o conceito e a coisa permanece em nós como que cega, não distinta e não definida; pois bem, o nome que eu usei entre os homens, que cada um o grave, como uma epígrafe funerária, na fronte da imagem com que lhes apareci, e a deixe em paz e não se fale mais nisso. Não passa disto, de uma epígrafe funerária, um nome. Fica bem aos mortos. A quem acabou. Eu estou vivo e não acabo. A vida não acaba. A vida não sabe nomes. Esta árvore, hálito trémulo de folhas novas. Eu sou esta árvore. Árvore, nuvem; amanhã, livro ou vento: o livro que leio, o vento que bebo. Fora de mim, vagabundo."

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