Luigi Pirandello Uno, Nessuno e Centomila (1926) (trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo)
"(...) Agora, só posso viver assim. Renascer a cada instante. Impedir que o pensamento comece de novo a trabalhar e dentro de mim refaça o vazio das construções inúteis.
A cidade está longe. Por vezes, na calma do anoitecer, chega até mim o som dos sinos. Mas agora já não os ouço dentro de mim; ouço-os lá fora, tocar por si, que talvez estremeçam de alegria na sua concavidade retumbante num belo céu azul cheio de sol quente por entre o estridular das andorinhas ou ao vento triste. Pensar na morte, rezar. Que ainda existe quem tenha esta necessidade e disso se tornam vozes os sinos. Eu já não tenho essa necessidade, porque morro a cada instante e renasço novo e sem memória: vivo e inteiro, já não em mim, mas em cada coisa lá fora." |
2015-02-06
Um, Nenhum e Cem Mil (p.158)
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