Marguerite Yourcenar L'Oeuvre au Noir (1968) (trad. António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João Gomes)
"(...) Sebastião Théus era um nome falso, mas o seu direito ao nome Zenão não era dos mais claros. Non habet nomen propriem: era um daqueles que nunca deixam de se espantar pelo facto de terem nome, como espantoso é também passar-se frente a um espelho e verificar-se que se tem um rosto e que é exactamente esse e não outro. A sua existência era clandestina e submetida a várias coacções: sempre assim o tinha sido. Calava os pensamentos que lhe eram mais caros, mas desde longa data que se convencera de que é tolo todo aquele que se expõe por mor das suas ideias, quando é tão fácil deixar os outros servirem-se das goelas e da língua para fabricarem sons. (...)"
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2015-02-28
A Obra ao Negro (p.131)
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